Nos cinemas está passando um filme fascinante, cujo título é: “O ritual”. A película trata duma questão pouco discutida; mas que está muito presente nas experiências da sociedade contemporânea. O que para alguns seria problemática do período medieval, ganhou formas e fórmulas desconcertantes no contemporâneo. A trama é baseada em fatos reais e isto torna a descrição ainda mais intrigante. Citando João Paulo II, o autor categoriza o mistério do pecado como algo que faz parte da situação contemporânea como qualquer outra realidade, que apesar de tendencialmente eclipsada, continua muito presente nas multifacetadas façanhas do “original-originante” da confusão humana. O Cristianismo entende o Mal como conseqüência do pecado.
O Catecismo da Igreja Católica abrange o sentido do exorcismo quando afirma que “o advento do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás: ‘Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós’ (Mt 12,28). Os exorcismos de Jesus libertam os homens do domínio dos demônios. Antecipam a grande vitória de Jesus sobre ‘o príncipe deste mundo’ (Jo 12,31). É pela Cruz de Cristo que o Reino de Deus será definitivamente estabelecido: ‘Regnavit a ligno Deus’- Deus reinou do madeiro” (Cf. 550).
Quem não acredita na possessão demoníaca, outrossim, não pode negá-la. O racionalismo iluminista não conseguiu varrer para debaixo do tapete a dimensão espiritual do homem. Por incrível que pareça ser, a modernidade está muito mais propensa ao mistério que dantes. O diferencial é que se existia uma hegemonia católica até o século XVI, depois surgirão as fragmentações com suas liquidações na Posmodernidade. Os diálogos traçados pelos personagens são profundamente relevantes para compreensão dos fenômenos espirituais que radicalmente envolvem o ser humano no seu modo de viver e saber o mistério, numa perspectiva maniqueísta.
Ainda o Catecismo reitera que “a Igreja exige publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto sejam protegidos contra a influência do maligno e subtraídos a seu domínio, fala-se de exorcismo. Jesus o praticou, é Dele que a Igreja recebeu o poder e o encargo de exorcizar. Sob uma forma simples, o exorcismo é praticado durante a celebração do Batismo. O exorcismo solene, chamado ‘grande exorcismo’, só pode ser praticado por um sacerdote, com a permissão do Bispo. Nele é necessário proceder com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo visa expulsar os demônios ou livrar da influência demoníaca, e isto pela autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Bem diferente é o caso de doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. É importante, pois, assegurar-se, antes de celebrar o exorcismo, se se trata de uma presença do maligno ou de uma doença”(Cf. n. 1673).
A Igreja Católica trata a questão, como está explicitado, com muita seriedade. A “Fé dignifica a vida do ser humano”. A certeza da existência de Deus nos livra do Mal. Confiemos na Palavra do Senhor que diz: “Não peço que os tire do mundo, mas que os guardes do Maligno”(Cf. Jo 17,15). O filme é uma produção que nos coloca diante de questionamentos existenciais e absolutos, interessantes e necessários. Vale a pena ser visto e refletido. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibú-RN
Está no Ar nesse momento a leitura anual do prefeito em exercício Dr Arizio Fernandes,na Câmara Municipal de são josé de Mipibu. Esta sendo transmitido ao vivo pela radio web da câmara. no site da câmara. http://www.camarasaojosedemipibu.com.br
gosteria que o Padre Matias fosse mais conciso em suas palavras , não entendi o objetivo dele . Falar sobre esse assunto requer muita objetividade . deve-se levar em conta que essa é a visaõ de um representante da igreja católica , falta ouvir os representantes de outras religiões. Fica a idéia para o dono desse blog o sr. Daltro , por favor abra espaço para outras religiões .
Prezado Sátiro, obrigado pela opinião! Gostei da observação. Mas, também observo que eu sou Pe. Católico e me embasei no que o Catecismo Católico diz sobre o assunto. Quanto a objetividade do assunto, me permita discordar da sua opinião! É uma questão muito complicada. veja a possibilidade de ver o filme. Concordo que outros representantes também possam emitir suas doutrinas sobre o assunto.
Deus te abençõe!
Fraternalmente,
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibú-RN
Pe . Matias , assisti ao filme essa semana pois sou fã de Anthony Hopkins desde a época de Silêncio dos Inocentes. Agradeço sua compreensão com relação as outras religiões , mas ainda continuo achando seu texto muito prolixo.
Caros leitores do Blog do Jornalista Daltro.
Opiniões discordantes é senso comum. Contudo arrisco-me a emitir algum parecer quanto à participação mais ostensiva daqueles que ocupam posições em igrejas majoritárias . Pe. Matias se embasa no CIC, o comentarista Sátiro certamente em outra fonte, e assim mulplica-se a discussão. Provavelmente o questionamento estimulará a participação de outros interessados.
No livro Religião, Para quê? Você precisa ter uma? Autor: Pe. Aloísio Guerra, ordenado na Igreja Romana em 1960, posteriormente aceito na Igreja Católica Ortodoxa Antioquina, página 71 – Satanás existe? -encontramos afirmações do Teólogo Paul Evidokimov bastante convicentes a respeito desse assunto. Ainda na mesma página uma referência ao Padre romano Antonio Galioto de saudosa memória, em seu livro (Deus não é estúpido – Editora Maneco,2001- explica que as ainda hoje chamadas possessões demoníacas não passam de doenças mentais. ” (…) E Cristo disso sabia, ainda que aceitando os termos, por não querer enfrentar uma crença canhestra tão arraigada. Foi o que fez o escritor do Gênesis ao falar em sistema geocêntrico: já em nossos dias, Galileu teve que aceitar o geocentrismo ou viraria “churrasco”. Sabemos que somos nossos próprios demônios ou santos; somos a nossa consciência que, unida a ele, tudo podemos, porque ele nos fortalece (Fp 4,13)
Pe. Dimirson – Igreja Católica Apostólica Independente