BOLSONARO JÁ PROMETE AMPARO JURÍDICO E CONDECORAÇÃO A QUEM REAGIR A ASSALTO

Na sua incursão pelo interior de São Paulo, Jair Bolsonaro passou nesta sexta-feira por São José do Rio Preto. Depois de acenar com a liberação do porte de armas e de declarar que os filhos manuseiam suas pistolas desde os cinco anos, o capitão prometeu em comício oferecer “retaguarda jurídica” e condecoração aos brasileiros que reagiram às tentativas de assalto e de homicídio.

”Vamos buscar retaguarda jurídica não só para os nossos policiais civis e militares, mas para o cidadão de bem também poder reagir à tentativa de alguém surrupiar seu patrimônio ou atentar contra sua vida”, disse Bolsonaro, para delírio da pequena multidão que o escutava. ”Ele poderá reagir e não será processado. Muito pelo contrário. Será condecorado por essa ação de bravura.”

A pregação do candidato vai na contramão de todos os manuais de segurança, que aconselham as vítimas de assalto a não reagir. Bolsonaro não explicou como fará para aprovar as novidades no Congresso. Tampouco infirmou de onde virá o dinheiro e a mão de obra especializada para livrar de complicações jurídicas os futuros condecorados por bravura. De resto, absteve-se de esclarecer se garantirá amparo também às famílias dos mortos em tentativas frustradas de reação.

Especialista em dizer coisas definitivas sem definir muito bem as coisas, Bolsonaro também prometeu ”proteger o trabalhador rural das invasões do MST”. Em verdade, quis oferecer proteção não ao trabalhador rural, mas ao agronegócio, pujante na região. ”A invasão de propriedade, rural ou urbana, tem que ser repelida com o uso da força”, esclareceu na sequência, esquecendo-se de mencionar que o comando das polícias civis e militares é dos governadores, não do presidente da República.

Cavalgando o desgaste dos partidos e dos políticos, Bolsonaro açulou a alma dos seus seguidores, avessos a petistas e tucanos. ”Nós temos que eliminar aquela nata, aquela corja de políticos que nos últimos 20 anos governaram, ou melhor, desgovernaram o nosso Brasil.”

Caprichou nos adjetivos ao citar Lula. Lamentou que “um presidiário” ocupe espaço na imprensa como possível candidato. “Vagabundo tem que estar preso, não concorrendo à eleição presidencial. Isso é uma vergonha. Instituto de pesquisa botando o nome desse malandro, bandido, presidiário… E mentindo no tocante aos números.”

Bolsonaro convidou seus apoiadores a abreviar o processo eleitoral: “Eu não acredito em pesquisas de institutos. A nossa pesquisa está aqui, no meio de vocês. (…) Vamos juntos acabar com as eleições no primeiro turno. Vamos botar de férias —ou quem sabe apontar o caminho da extinção— essa dupla de irmãos que não engana mais ninguém: PT e PSDB.”

Não se ouviu no comício nada que pudesse ser considerado como uma proposta factível a ser implementada num hipotético governo comandado por Jair Bolsonaro. O candidato apenas ecoou a raiva que seus seguidores sentem do Estado em particular e do sistema político em geral.

UOL

 

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