CORONEL ALARICO: FORMAÇÃO DE NOVOS PMS DEPENDE DE AVAL DA ÁREA ECONÔMICA

Foto: AdrianoAbreu/TN

Curso de formação é a última etapa do concurso e só será aberto após aval do governo, pois “serão mais mil pessoas na folha”, afirma Cel. Alarico

O déficit de 6 mil homens e mulheres, em média, na Polícia Militar, é um dos gargalos que o comandante geral da PM, coronel Alarico Azevedo, enfrenta no mais alto posto da corporação. Paralelo a isso, o tráfico de drogas se apresenta como um “perigoso inimigo”, que atinge desde a periferias até bairros nobres do estado.

O incremento do efetivo tem sido feito com o pagamento de diárias operacionais e o pedido de devolução de policiais cedidos a outros órgãos. O número de cedidos chega a 1.100, de acordo com o comandante. Respeitar a credibilidade da polícia junto à sociedade, bem como levar sensação de segurança para a população, são pontos que estão “no topo da lista”, para o comandante da PM. O concurso da PM, realizado em 2018, só deve policiais militares no próximo ano. Isso depende do orçamento e aprovação do governo. “As fases de dependem da polícia militar serão executadas de acordo com o cronograma já existente”, explicou coronel Alarico Azevedo.

O efetivo da PM, há alguns anos, está defasado. Como está o quadro atual?

O efetivo previsto, atualmente, da Polícia Militar, é de 13.466 policiais, isso devido a uma lei que foi aprovada em 2009. Hoje, nós temos em torno de 8 mil policiais, contando com os que estão na junta médica, e os policiais à disposição de outros órgãos. Quando eu falo no déficit dos 10 mil policiais, é com base em um estudo feito recentemente, levando em conta o aumento populacional e a grande quantidade de turistas que recebemos em nosso Estado. Não está em lei, mas se fossemos apresentar um projeto para o aumento de efetivo, seria para mais ou menos 18 mil policiais.

A governadora Fátima publicou um decreto pedindo a devolução de policiais cedidos. Quantos hoje estão cedidos, essa devolução está ocorrendo?

São aproximadamente 1.100 policiais. O decreto fala que os órgãos apresentem as necessidades e que os que permaneçam tenham os salários custeados pelos órgãos. Um contato antecipado da governadora com os presidentes dos outros órgãos foi feito e quando ela assumiu, um dos primeiros decretos foi esse de retorno dos policiais militares para o local de origem. Alguns estão se apresentando, nós estamos realizando um curso de nivelamento e conhecimento. Os policiais que estavam em outros órgãos estão sendo qualificados para que tenham condições de retornar à rua. No Batalhão de Polícia de Choque, eles fazem uma semana de aula e outra nas ruas.

Como o senhor vê esse déficit, na prática? De que forma isso está dificultando o trabalho da polícia militar?

Nossa missão é o policiamento ostensivo. Eu deveria ter mais policiais nas ruas. Nós temos a diária operacional, com a autorização da governadora. Todos os anos utilizamos a diária para suplementar o policiamento.

A segurança nos parece mais vulnerável em cidades do interior do Rio Grande do Norte. Como fazer para melhorar esse policiamento no interior para evitar questões como, as explosões a banco e estouro de carro forte?

Nós atuamos de forma integrada com as polícias civil, rodoviária federal e forças armadas, no que toca a inteligência policial. Temos uma rede muito grande de colaboradores, onde eles nos auxiliam. 42% da população está concentrada na capital e região metropolitana, por isso, que o efetivo é maior, não desmerecendo as cidades do interior. Temos que ocupar os 167 municípios e, hoje, ocupamos. De uma forma, na sua maioria, precária, mas temos pelo menos um representante da PM em cada cidade. O que precisamos é realmente recompor esse policiamento, com homens e mulheres. Enquanto isso, fazemos operações no interior para a suplementação do policiamento com a diária operacional. É uma ferramenta muito importante para a Polícia Militar, como também os demais agentes de segurança. Quando se vê um aumento de efetivo, os chefes da segurança foram autorizados a usar a diária operacional. Quando assumimos o comando, levamos um policiamento que se iniciou com a Operação Verão, mas também levamos o planejamento de operações e a necessidade que teríamos para aumentar a sensação de segurança e o atendimento das ocorrências através do efetivo.

Já há uma previsão de quando as pessoas que passaram no concurso da PM serão chamados e, de fato, irão para a rua fazer segurança?

Estamos na segunda fase do concurso. Tivemos a parte escrita, que a empresa contratada pelo governo apresentou as pessoas habilitadas à segunda fase, que é realizada pela PM através da junta médica. Todos os candidatos masculinos e femininos estão passando por essa fase, que se iniciou no dia 21. Após a junta médica apresentar a relação dos aptos, teremos a fase do exame físico, que também é realizado pela PM. Temos oficiais e praças com cursos na universidade e nas academias militares, que vão fazer a avaliação dos candidatos. Após essa terceira fase, vem a investigação social e aguardar liberação da área econômica. Serão mil candidatos a mais na folha de pagamento.

Mas quando eles irão de fato para a rua?

Existe uma lei de ingresso, que fala sobre a carga horária e tempo que aluno tem que passar. A previsão é de 10 meses de curso. Então, quando eles forem matriculados, terão esse tempo de formação. Em um determinado momento eles passam por um estágio supervisionado. Essas fases têm um período programado, não posso dizer que estará liberado em um mês, e não ser.

Em relação a morte de policiais militares, principalmente nos últimos três anos, fora das atividades da corporação. Isso ocorre por causa dos ‘bicos’ que fazem para complementar a renda e porque reagem?

Diferente do civil, o policial militar está 24 horas de serviço. Independente se esteja prestando uma assessoria a uma pessoa ou empresa, ao se deparar com uma ocorrência, pela formação que tem de servir e proteger a sociedade, há o ímpeto de proteger. Muitas vezes o policial, mesmo com toda formação que tem, pode estar em desvantagem. O cidadão infrator não tem o que perder, e o policial vai na intenção do bem. Com a diária operacional, o policial tendo esse ‘plus’, se apresenta na corporação, entra em uma escala de serviço, e está juridicamente amparado com a atividade de polícia. Alguns policiais, para complementar sua renda, são convidados a fazer a assessoria, que é particular de cada um, e independente de onde esteja, sua formação faz com que ele aja em prol da vida.

Com a flexibilização da posse de arma, um dos quesitos que vem à tona é a segurança. Na sua avaliação, o que essa posse trará em benefício da segurança?

É muito relativo e vai do que cada um sente e deseja. Se a pessoa se sente mais segura querendo ter a posse de uma arma, isso cabe a cada um. A minha missão é transmitir uma sensação de segurança através da Polícia Militar.

Qual a sua avaliação desses primeiros vinte dias à frente do comando da PM?

Primeiro quero agradecer a todos que fazem a PM, desde o soldado até o coronel mais antigo da corporação, que estão irmanados objetivando transmitir uma sensação de segurança à população. Como profissional, comandante dessa instituição e cidadão, sentimos que a Polícia Militar está querendo resgatar a dignidade da população. Fazendo um trabalho com a população do bairro, com os centros comunitários, os comandantes das unidades estão orientados a ter esse contato com os líderes comunitários, que são a voz do bairro. Estou vendo as viaturas parando, conversando com a população. Para mim isso é uma grande satisfação, como para todos os integrantes da PM. Estamos acreditando que podemos contribuir para melhorar e minimizar a situação de insegurança no RN. Estamos juntos, e dessa forma, somos mais fortes.

Para esse ano que está começando, qual o seu planejamento?

Primeiro resgatar a credibilidade, elevar a autoestima do policial, trabalhar em conjunto com a comunidade, convocando a imprensa e qualquer órgão que possa contribuir. A população pode nos auxiliar com informações, trazer ideias críticas, porque não vivemos só de elogios. A nossa instituição tem falhas que devem ser corrigidas. É um ano difícil, como a governadora falou, de enxugar a máquina, mas estamos realizando projetos de capacitação, novos concursos para ingresso de soldados, oficiais e o quadro de saúde.

Na sua avaliação, qual o principal problema que a segurança do RN enfrenta?  É o tráfico de drogas que desencadeia outra série de crimes?

Quando a gente consegue trazer a criança para a sala de aula, inibe a ação dos traficantes. Isso não é só no RN. A droga é um dos principais fatores de aumento da criminalidade, quer seja por uso e consumo, dependendo da quantidade as pessoas se transformam e fazem coisas que não fariam. Também quando o traficante alicia o jovem que está vulnerável, que acaba pagando com a morte. Também a disputa pelo ponto de droga. A droga é um dos principais fatores para o aumento da criminalidade.

Por Aura Mazda / Tribuna do Norte

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