ESTUDANTE FILMA PROFESSORA EM SALA DE AULA, BOLSONARO REPLICA E VOLTA A DEFENDER ESCOLA SEM PARTIDO

No vídeo, a aluna questiona a professora, que afirma que Olavo de Carvalho é uma anta porque “mete o pau em tudo”. Carvalho tem sido uma figura influente no governo, sendo ouvido em decisões da atual gestão. A estudante que se diz filiada ao PSL, reclama do tempo que a professora gastou para fazer as críticas.

— Você não percebeu que pegou 25 minutos da aula para expor sua opinião político-partidária? — diz a estudante.

— Não foi político-partidária — contesta a educadora.

— Foi sim, a senhora criticou o Escola sem Partido, o governo, e não estou pagando cursinho para ouvir sua opinião político-partidária. Estou pagando cursinho para assistir à aula de gramática — retruca a autora do vídeo.

Depois, a professora pede que a estudante fale com o coordenador. A aluna, por sua vez, diz que também filmou a aula e que vai repetir a atitude futuramente.

— Todas as suas aulas eu vou gravar e expor na internet, tá bom? — diz a estudante. — A senhora não pode entrar aqui e falar o que a senhora quiser. Estou pagando pela aula de gramática.

Bolsonaro comentou o vídeo neste domingo, ao chegar ao prédio em que mora um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O presidente não explicou como o vídeo chegou até ele, nem se houve uma apuração da reclamação da aluna antes que as imagens fossem divulgadas em sua rede oficial. Ele se limitou a defender que os professores não podem mostrar “um lado só” em suas aulas.  “Nós queremos a escola sem partido, ou, se tiver partido, que tenha os dois lados. Não pode é ter um lado só na sala de aula”, afirmou Bolsonaro.

Nas redes sociais da estudante que gravou o vídeo, ela se diz filiada ao PSL, partido de Bolsonaro. Quando questionado, o presidente negou ter conhecimento disso. “Não sei”, disse ele ao jornal O Globo.

Bandeira do Escola Sem Partido

A vigilância de alunos sobre professores é uma das principais bandeiras do projeto Escola Sem Partido — apoiado por Bolsonaro —, que propõe acabar com uma suposta “doutrinação” por parte de docentes. Embora o projeto já seja motivo de debate há alguns anos, somente a nova versão dele — apresentada em fevereiro pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) — prevê, expressamente, que os alunos podem gravar as aulas:

“É assegurado aos estudantes o direito de gravar as aulas, a fim de permitir a melhor absorção do conteúdo ministrado e de viabilizar o pleno exercício do direito dos pais ou responsáveis de ter ciência do processo pedagógico e avaliar a qualidade dos serviços prestados pela escola”.

O projeto está em debate no Congresso, e sua aprovação é vista por Bolsonaro e por muitos deputados do PSL como prioridade do governo.

O novo texto tem, em geral, medidas mais rigorosas para fiscalizar os professores do que as versões anteriores. Ele proíbe, por exemplo, que os grêmios estudantis promovam atividades político-partidárias e considera “ato de improbidade administrativa” o descumprimento de quaisquer dos pontos previstos pelo projeto. Também prevê a criação pelo Poder Público de um “canal de denúncias” destinado a reclamações de estudantes em relação a professores.

No entanto, o movimento Escola Sem Partido já foi contestado pela Advocacia-Geral da União (AGU), pelo Ministério Público Federal (MPF) e por associações de professores.

o do MPSC, que ingressou com ação civil pública “visando à garantia da liberdade de aprender e ensinar e do pluralismo de ideias nas escolas catarinenses”.

Fonte: O Globo

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