BOLSONARO DIZ QUE ATUAÇÃO DE MORO NA LAVA JATO ‘NÃO TEM PREÇO’ E QUE ‘HOUVE UMA QUEBRA CRIMINOSa’

O ministro da Justiça Sérgio Moro e o presidente Jair Bolsonaro durante evento em Brasília nesta terça-feira (11) — Foto: Adriano Machado/Reuters

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (13) que a atuação de Sérgio Moro como juiz da Lava Jato “não tem preço” e classificou a invasão dos celulares do ministro da Justiça e de procuradores como ação “criminosa”.

Bolsonaro comentou pela primeira vez, em público, o caso publicado pelo site The Intercept, que apresenta desde no domingo (9) reportagens com mensagens atribuídas a procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e a Moro, extraídas do aplicativo Telegram.

O presidente ainda ressaltou que Moro faz “parte da história do Brasil” e classificou a invasão dos celulares por hackers como uma ação “criminosa”.

“Se vazar o meu [celular] aqui tem muita brincadeira que eu faço com colegas que vão me chamar de louco e tudo aquilo que me chamavam durante a campanha. Houve uma quebra criminosa, né, uma invasão criminosa. Se é o que está sendo vazado é verdadeiro ou não”, disse.

Os diálogos divulgados, segundo o site, mostrariam comportamentos proibidos e antiéticos entre o então juiz e do coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol.

Moro e Deltan têm dito que, embora não possam reconhecer a autenticidade e fidedignidade dos diálogos, não há nada que seja irregular ou impróprio.

Os alvos das conversas denunciaram recentemente que tiveram seus celulares hackeados ilegalmente, o que é crime. A Polícia Federal (PF) instaurou quatro inquéritos para investigar o vazamento de mensagens de celular de procuradores da República e Moro.

O Intercept, no entanto, informou que obteve os diálogos antes da invasão. Segundo o site, as informações foram obtidas de uma fonte anônima. 

Apoio

Antes da declaração desta quinta, em entrevista no Planalto, as manifestações de Bolsonaro sobre o caso foram feitas por meio do porta-voz Otávio Rêgo Barros e do secretário de Comunicação Fábio Wajngarten.

O presidente também deu sinais de apoio a Moro ao chegar de lancha com o ministro em uma cerimônia militar e ao levá-lo ao jogo entre CSA e Flamengo no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.

Questionado sobre os gestos de apoio, Bolsonaro elogiou o trabalho do atual ministro como juiz federal.

“Em vez de chegar em casa e dar um presente à minha esposa, dei um beijo nela, não é muito melhor? Eu dei um beijo hétero no nosso querido Sérgio Moro. Demos dois beijos héteros. Fomos lá na marinha com ele”, declarou o presidente.

“O que ele [Moro] fez não tem preço. Ele realmente botou para fora, mostrou as vísceras do poder, a promiscuidade do poder no tocante à corrupção. A Petrobras quase quebrou, fundos de pensão muitos quebraram”, acrescentou.

O ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Alberto dos Santos Cruz, também saiu em defesa de Moro nesta quinta. Santos Cruz participou de audiência pública em uma comissão do Senado.

Perguntado sobre a permanência de Moro no cargo, Santos Cruz afirmou que não há risco e que o ministro da Justiça presta um serviço “incalculável” ao país.

“O juiz Sérgio Moro é uma pessoa que está muito acima desse absurdo criminoso de invasão de privacidade de telefone. Ministro Sérgio Moro presta um serviço ao Brasil incalculável na nossa história. Então, não tem nada a considerar sobre risco para uma pessoa desse nível. O que tem que ser discutido é o risco, o perigo, de criminosos deste tipo invadirem a privacidade, não é só por ser Sérgio Moro ou ministro, é de qualquer cidadão. Estamos na frente de um problema de prática criminosa que não pode ser admitida. É essa a chave da questão”, disse.

Por Guilherme Mazui, G1 / Brasília

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