Ministro Marcelo Álvaro Antônio é denunciado pelo MP por candidatura-laranja — Foto: André Santos
O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais apresentou à Justiça denúncia contra o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), e mais 10 pessoas, por crimes relacionados à apresentação de candidaturas de fachada do PSL nas eleições de 2018. De acordo com o órgão, na condição de presidente estadual do partido, Álvaro Antônio participou da inscrição de candidaturas-laranja de mulheres que não estavam dedicadas, de fato, à disputa, para permitir o desvio de recursos do fundo eleitoral.
De acordo com o promotor mineiro Fernando Ferreira Abreu, o ministro foi denunciado pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral (com penas previstas de até 5 anos), apropriação indébita de recurso eleitoral (cujas penas variam de 2 a 6 anos) e associação criminosa (com penas que variam de 1 a 3 anos de reclusão).
Entre os acusados estão ex-candidatos, assessores do PSL e familiares de ex-assessores do partido. O esquema foi denunciado pelas próprias candidatas, em depoimentos prestados ao MP mineiro.
Uma delas, a ex-candidata a deputada federal Adriana Moreira Borges, contou em julho deste ano, em entrevista ao GLOBO , ter recebido uma proposta de um assessor de Álvaro Antônio para lhe repassar R$ 90 mil dos R$ 100 mil que receberia para fazer a campanha em 2018. Ela não aceitou a proposta, por isso não foi denunciada na ação.
Nesta quinta, a Polícia Federal já havia determinado o indiciamento do ministro e de mais 10 pessoas , as mesmas que agora são denunciadas pelo MP.
Confira quem foi indiciado pela PF e denunciado pelo MP:
Marcelo Álvaro Antônio – ministro
Mateus Von Rondon – assessor especial do ministro, preso em junho deste ano
Irineu Inacio da Silva – deputado estadual em Minas pelo PSL – conhecido como Professor Irineu
Lilian Bernardino – suspeita de ser candidata-laranja
Debora Gomes – suspeita de ser candidata-laranja
Camila Fernandes – suspeita de ser candidata-laranja
Naftali Tamar – suspeita de ser candidata-laranja
Marcelo Raid Soares
Reginaldo Donizeti Soares – irmão de Roberto Silva Soares, sócio de duas empresas que prestaram serviço eleitorais às candidatas investigadas
Roberto Silva Soares – Assessor do ministro, preso em em junho deste ano
Haissander de Paula – ex-assessor do ministro quando ele era deputado federal, preso em junho deste ano
Nos próximos dias, a Justiça Eleitoral em Minas decide se aceita a denúcia contra os acusados.
De acordo com o promotor Fernando Abreu, o processo tramitará no Judiciário mineiro, e não em Brasília, porque os fatos denunciados são anteriores ao mandato de deputado federal e também ao cargo de ministro.
– Não se trata de prerrogativa de função, porque os fatos foram praticados durante as eleições e sem qualquer espécie de vinculação com o mandato de deputado federal e o atual cargo de ministro do Turismo – disse o promotor.
Após a notícia do indiciamento vir a público nesta sexta-feira, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, informou que Bolsonaro decidiu manter o ministro no cargo, apesar das acusações que pesam contra ele.
Em nota também divulgada nesta sexta, Álvaro Antônio disse confiar “na Justiça e na comprovação de sua inocência”. Na nota, o ministro diz que a investigação “teve como base uma campanha difamatória e mentirosa” e nega ter cometido “qualquer irregularidade na campanha eleitoral de 2018”.
O Globo