Na ocasião, a região da Lombardia, na qual Milão fica localizada, tinha 250 pessoas infectadas pelo vírus, com 12 mortes. Na manhã desta sexta-feira, havia mais de 34.889 casos da doença confirmados na região, com 4.861 mortes, mais do que em qualquer outro ponto do país, que já soma 80.589 infecções, com 8.215 mortes, segundo o levantamento da Universidade Johns Hopkins.

mea culpa de Sala, do Partido Democrático, de centro-esquerda, foi feita durante o programa Che tempo che fa, que foi ao ar na televisão italiana no último domingo. De acordo com o prefeito da cidade de 3,1 milhões de habitantes, foi um erro defender a interrupção da vida normal, mas, há um mês, ainda não se tinha dimensão da real gravidade do novo coronavírus:

— Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título #MilãoNãoPara. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente errado — afirmou Sala. — Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus, e aquele era o espírito. Trabalho sete dias por semana para fazer minha parte, e aceito as críticas.

Na ocasião, ele postou em seu Instagram um vídeo realizado por uma associação de bares e restaurantes da cidade, que incentivava a população a viver normalmente. A gravação falava sobre os “milagres” feitos diariamente pelos cidadãos de Milão, de seus “resultados econômicos importantes” e de que a população “não tinha medo”. A campanha contou com a adesão de uma série de figuras políticas importantes do país, como Matteo Salvini, expoente da extrema direita europeia, e Nicola Zingaretti, líder do Partido Democrático.

Dias depois, compartilhou também uma foto em que vestia uma camisa com o slogan “Milão não para”.

Em meio ao crescimento exponencial dos casos na região, a mais atingida da Itália, o vídeo viralizou na internet, alvo de críticas pela falta de ação do governo em meio à pandemia — atraso que, segundo especialistas, foi fundamental para o agravamento da crise. Hoje, o país é o terceiro mais afetado pela Covid-19 no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que já acumulam mais de 85.996 casos, e da China, com 81.897 infecções.

O Globo