ASSESSOR DO PLANALTO É RESPONSÁVEL POR PÁGINA DE FAKE NEWS, DIZ INVESTIGAÇÃO

Tercio Arnaud Tomaz teve sua página no Facebook excluída. — Foto: Reprodução/Facebook

O Facebook tirou do ar na tarde desta quarta-feira (08) uma rede de perfis, páginas e grupos. Segundo a empresa, a rede estaria sendo usada para espalhar conteúdo falso.

Páginas que o Facebook derrubou na investigação que levou à remoção de uma rede de contas falsas relacionadas ao PSL e a gabinetes da família Bolsonaro tinha Tercio Arnaud Tomaz, assessor do presidente Jair Bolsonaro, como administrador de alguns dos perfis que divulgavam fake news.

A remoção de conteúdo aconteceu tanto no Facebook quanto no Instagram, em uma investigação do Atlantic Council’s Digital Forensic Research Lab (DFRLab), que mantém uma parceria com o Facebook desde 2018 para análise independente de remoções feitas pela rede social por comportamento inautêntico coordenado. A apuração foi feita somente com mensagens e posts divulgados nas páginas removidas.

Tomaz foi o único responsável pelas páginas identificado na investigação que trabalha diretamente com o presidente. Ele também administrou as redes sociais de Jair Bolsonaro na eleição de 2018. Antes, trabalhou no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro no cargo de auxiliar de gabinete. Sua página no Facebook foi excluída.

O DFRLab aponta que Tomaz era o responsável por “Bolsonaro Opressor 2.0”, uma página já removida que publicava conteúdos a favor do presidente, fazia ataques a adversários políticos.

Ainda, Tomaz era responsável pela página “@bolsonaronewsss” no Instagram, também derrubada pelo Facebook. Embora o dono da página fosse anônimo, a informação de registro em seu código-fonte mostra que ela pertence a ele, segundo a investigação. Ela tinha 492 mil seguidores e um total de 11 mil publicações.

Procurado pelo G1, o Planalto não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Investigação

A investigação também identificou dois assessores do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, atuando na rede desses perfis. Um deles, Eduardo Guimarães, já foi apontado pela CPI mista das fake news como criador e administrador de páginas que faziam ataques contra adversários do presidente. Esses perfis já haviam sido retirados pelo Facebook. Nesta quarta, perfis pessoais de Eduardo Guimarães também foram apagados.

Paulo Eduardo Lopes, conhecido como Paulo Chuchu, é o outro assessor de Eduardo Bolsonaro apontado na investigação como um dos principais operadores dessa rede que Facebook derrubou.

“O Eduardo Bolsonaro tem um assessor chamado Paulo Eduardo, conhecido como Paulo Chuchu, que fazia parte dessa rede. Ele registrou, por exemplo, um site que era um site teoricamente de notícias independentes, mas que na verdade era pró-Bolsonaro. Ele é um dos coordenadores da Aliança, o partido que o Bolsonaro está tentando formar”, afirma Luísa Bandeira. chefe para a América Latina do DFRLab.

A relatora da CPMI das fake news, deputada Lídice da Mata, do PSB, disse que a retirada dos perfis ligados ao presidente Bolsonaro comprovam o que já mostraram as investigações do Congresso.

Veja o que o Facebook divulgou sobre a remoção de contas no Brasil:

– Foram apagadas 35 contas, 14 páginas e 1 grupo no Facebook, além de 38 contas no Instagram;

– Cerca de 883 mil pessoas seguiam uma ou mais dessas páginas no Facebook;

– Em torno de 917 mil seguiam contas do grupo no Instagram;

– O grupo removido reunia cerca de 350 pessoas;

– Foram gastos US$ 1,5 mil em anúncios por essas páginas, pagos em real.

A rede social não divulgou a relação dos perfis e do grupo removidos, mas, em imagens usadas pelo Facebook como exemplo dos conteúdos derrubados, é possível ver as páginas “Jogo Político” e “Bolsonaro News”, no Facebook.

O Facebook afirmou que chegou ao grupo a partir de notícias na imprensa e por meio de referências durante audiência no Congresso brasileiro.

Do G1

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