IGREJAS PERDEM PASTORES E PADRES PARA COVID-19 E DIVERGEM SOBRE ESTRATÉGIAS DE REABERTURA

Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Dezenas de pastores da igreja evangélica Assembleia de Deus, alguns deles presidentes da denominação em cidades do Paraná, de Mato Grosso e do Ceará, e pelo menos 14 padres católicos morreram nos últimos meses por complicações da Covid-19.

A CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), maior organização de igrejas evangélicas, com mais de 100 mil pastores associados e cerca de 25 milhões de fiéis, não informou um número exato de mortes, mas disse que entre as dezenas de líderes mortos estão pessoas de idades variadas.

No campo católico, um relatório publicado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) no fim de maio divulgou que 117 padres haviam sido infectados pelo novo coronavírus.

As mortes provocaram impacto nas comunidades religiosas, que adotam estratégias diferentes para a retomada de atividades presenciais. O Ministério da Saúde não definiu orientações específicas para serviços religiosos presenciais, embora eles aconteçam hoje em diversas partes do país.

Os templos são geralmente ambientes fechados, o que exige atenção maior às orientações sanitárias para minimizar os riscos de transmissão do novo coronavírus, que pode ser transportado pelo ar em partículas muito pequenas de saliva (aerossóis) liberados quando as pessoas espirram, tossem, falam e respiram.

Segundo especialistas, cantar —uma prática comum nos encontros religiosos— também produz essas partículas.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) incluiu igrejas no rol de serviços essenciais em março, abrindo margem para a abertura dos templos —mas eles ainda precisam seguir regras de governos estaduais e prefeituras nesse quesito.

O Ministério da Saúde não tem orientações específicas para igrejas, apenas orientando para um reforço na higiene pessoal e de ambientes e na etiqueta respiratória.

“As ações devem ser tomadas de acordo com as necessidades de cada região, levando em conta parâmetros como quantidade de leitos ocupados, quantidade de casos e óbitos, quantidade de profissionais, insumos e equipamentos de proteção individual (EPIs), além de avaliar a dinâmica socioeconômica e cultura de cada localidade”, disse em nota.

Na prática, cada instituição religiosa pode, tendo as regras estabelecidas pela administração local como base, escolher ser mais ou menos cautelosa ou até permanecer fechada.

Em junho, a CNBB enviou aos bispos um documento com orientações para o retorno às atividades presenciais. O documento pede uso de máscaras e que os fiéis não se cumprimentem com apertos de mão, por exemplo. A água benta deve ser retirada da entrada das igrejas.

Entre os evangélicos as estratégias podem divergir bastante. O grupo religioso não conta com uma única liderança e está divido em centenas de convenções (agrupamentos de igrejas) independentes entre si.

Em nota, a CGADB diz que as igrejas afiliadas devem respeitar o distanciamento entre as pessoas e que o uso de máscara é obrigatório.

“A orientação é que todos cuidados necessários para evitar a propagação da doença sejam tomados por todos, ficando em casa, usando máscara e outros aparatos que evitem a circulação do vírus”, afirma a instituição.

“Ambientes fechados têm menor ventilação e menor troca de ar. Assim, há maior acúmulo de particulas no ambiente. Quanto mais alto falamos ou cantamos, expelimos mais dessas partículas, que também podem chegar a uma distância maior”, explica Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas.

Segundo a médica, templos abertos e ventilados, distanciamento entre as pessoas, higienização constante de objetos de uso compartilhado e reuniões com tempo de duração menor ajudam a minimizar os riscos.

Folha de São Paulo

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