Um dia após o Tribunal Superior Eleitoral cassar o mandato do deputado Sandro Pimentel (PSOL), o parlamentar divulgou uma carta aos eleitores alegando perseguição política. A Justiça confirmou a condenação por problemas na prestação de contas da campanha eleitoral de 2018.
De acordo com a legislação eleitoral, o candidato pode fazer vários depósitos para a conta de campanha desde que não exceda o valor de R$ 1.065 por vez. Ao todo, os depósitos feitos por Pimentel chegaram a um total de R$ 30 mil. O Ministério Público Eleitoral questionou a origem dos recursos e apesar do deputado apresentar documentos e o sigilo bancário para comprovar o lastro financeiro, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu manter a cassação do mandato de Sandro.
No mês de agosto, o TSE já havia julgado recurso do deputado depois que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte decidiu, em 2019, que havia irregularidades na prestação de contas. Com essa decisão, não cabe mais recurso ao ex-parlamentar.
Na carta, Sandro ressaltou que sabe o quanto candidaturas de origem popular, como a dele, incomodam as elites e que, enquanto campanhas sabidamente corruptas recebem o aval da legalidade, sua campanha foi punida com uma velocidade que nunca alcançaria os filhos dessa mesma elite.
“Enquanto campanhas notadamente corruptas recebem o aval da legalidade, nossa modesta campanha foi punida com os rigores e velocidade que nunca alcançariam os filhos do poder. Nossa marca tem sido a construção de mandatos de origem popular, coerentes e ao lado da classe trabalhadora. Sei o quanto isso incomoda os interesses das elites de sempre, as mesmas que deixaram o Rio Grande do Norte em estado de putrefação e falência”, afirma Sandro Pimentel em um trecho da carta.
Ao longo do texto, Sandro Pimentel contou sobre sua origem humilde e as realizações durante o mandato incompleto na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Foi ele o parlamentar que iniciou o movimento pela abertura da CPI da Arena das Dunas, responsável por investigar desvio de recursos públicos durante a construção estádio para a Copa de 2014.
“Em pouco mais de 20 meses de mandato, fizemos a diferença em muitas áreas. Fomos nós que exigimos a auditoria nos contratos da Arena das Dunas, que apontou mais de R$ 450 milhões de prejuízo para o povo do Rio Grande do Norte. A partir da auditoria, garantimos uma CPI na Assembleia, a primeira em mais de 20 anos. Essa Investigação deixaria claro quem são os responsáveis por essa verdadeira agiotagem com o dinheiro público. A pergunta que fica é: a quem tanto interessaria o fim dessas investigações? Foi nosso mandato também que, depois de 12 anos, voltou a convocar um secretário de Estado a dar explicações na Assembleia”, relembra.
Sandro Pimentel finaliza a carta explicando que vai retomar suas atividades na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e que continuará trabalhando pelas causas nas quais acredita nas ruas, de onde não pode ser retirado. Com a saída de Sandro Pimentel, assume o suplente da coligação, o professor Robério Paulino, também do Psol.
Fonte: Saiba Mais