INCÊNDIOS E SECA NAS NASCENTES DO PANTANAL ALERTAM PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Os incêndios contínuos na Província Serrana, uma região de transição entre os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, em Mato Grosso, são um exemplo da dinâmica que relaciona as mudanças climáticas ao aumento das queimadas no Centro-Oeste do país. A região, a 200 quilômetros da capital mato-grossense, abriga importantes nascentes do Pantanal, e, como o bioma, sofre com a seca e as queimadas desde 2019.

Nem as recentes chuvas conseguiram extinguir por completo as queimadas no Alto Paraguai. O alerta dos climatologistas é de que o fogo veio para ficar. Para mitigar os impactos na biodiversidade e nas populações afetadas, novas políticas públicas precisariam ser construídas, segundos os pesquisadores. “A seca extrema e a propensão aos incêndios serão o ‘novo normal’ da região“, explica o climatologista Carlos Nobre.

Pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP (Universidade de São Paulo) e presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Nobre conta que “por anos, quando colaboramos para os primeiros relatórios técnicos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, organizado pelas Nações Unidas), acreditávamos que alguns desses eventos demorariam, talvez só veríamos certas situações em 2040″. “Porém, já está acontecendo.”

“A seca sempre existiu nesses biomas. Há também uma razão meteorológica para explicar a atual estiagem no Pantanal e no Brasil Central. Já registramos isso antes. Mas, é a frequência desses fenômenos naturais que nos aponta para um planeta mais quente. São os extremos climáticos de mais intensidade e curta periodicidade a conexão do cenário atual e as mudanças climáticas“, diz o climatologista.

As morrarias da Província Serrana integram um relevo residual, com montes de cumes arredondados, testemunhas de milhões de anos de erosão e formadores de um cinturão de 400 quilômetros de extensão. Essa coluna de terras altas abraça a planície pantaneira, pelo norte, dando a peculiar forma de panela do bioma, com os rios do planalto correndo para as terras baixas inundáveis.

A paisagem é de uma beleza ímpar. São centenas de morros intercalados como ondas, desenhadas assimetricamente em um horizonte azul cercado por verde. A topografia foi descrita pelo geógrafo Aziz Ab’Sáber durante o Projeto Radambrasil (1982). No livro Pantanal Paisagem de Exceção, Ab’Saber apontou o local como um divisor natural das bacias hidrográficas Amazônica (rio Arinus e Teles Pires) e do Alto Paraguai (rios Cuiabá e Paraguai). Essa confluência de biomas faz da serra refúgio de espécies de fauna e flora da Amazônia, Cerrado e Pantanal.

Fonte: Poder360

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