CASO HENRY: ‘NÃO RESTA A MENOR DÚVIDA SOBRE A AUTORIA DO CRIME’, DIZ DELEGADO

Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade) é preso em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Foto: Antonio Scorza / Reprodução / TV Globo.

“Não resta a menor dúvida sobre a autoria do crime”. A afirmação foi feita pelo delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), em coletiva realizada nesta quinta-feira, sobre a morte do menino Henry Borel, de 4 anos, e as prisões da mãe dele, Monique Medeiros da Costa e Silva e o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade). Os dois são suspeitos de envolvimento na morte da criança e serão indiciados por tortura e homicídio qualificado.

Segundo o delegado Antenor Lopes Júnior, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC) o caso “foi sensível e delicado”, já que o crime aconteceu em um apartamento onde não havia câmeras ou testemunhas. Ele afirmou também que “a população fluminense cobrava por uma resposta e um mês depois elas foram dadas”.

— Essa investigação começou como um acidente doméstico. Mas a equipe do doutor Damasceno percebeu que algo estava errado. A perícia técnica acompanhou (a investigação), assim como o Ministério Público. Era um local onde não existiam câmeras ou testemunhas. Mas, hoje, o caso está praticamente encerrado — disse.

Segundo Henrique Damasceno, o caso chegou na delegacia no dia 8 de março e que a suspeita sobre as circunstâncias da morte de Henry foi levantada após os investigadores receberem o laudo pericial do corpo da criança:

— Tivemos dois depoimentos muito importantes, longos e necessários para entendermos a dinâmica. Algumas informações dadas foram importantes. Ali ficou claro que o Henry foi deixado pelo pai, chorou, a mãe levou ele para casa, deu banho e ele não apresentou nenhum desconforto. Uma foto dele antes de ir dormir demostra que ele estava bem e em um curto intervalo ele chega morto no hospital. E quem estava com ele nesse momento eram a mãe e o padrasto.

O delegado destacou que foi descoberto outro caso de agressão do qual Jairinho é suspeito e é investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). E que, nas conversas entre Monique e a babá Thayna de Oliveira Ferreira ficou constatado que o menino vivia uma rotina de violência.

— Após isso, conseguimos a busca e apreensão e apreendemos os celulares. No telefone da mãe encontramos prints de conversas que foram relevantes. Essas conversas eram do dia 2 de fevereiro, entre a mãe e a babá, na qual ficou revelada uma rotina de violência que o Henry sofria. A babá diz que o Henry relatou a ela que o padrasto pegou pelo braço e deu uma banda e o chutou. Ficou claro que houve lesão, já que a babá fala que o Henry estava mancando e não deixou que ela lavasse sua cabeça, que estava machucada — revelou o policial.

Damasceno disse que a investigação revelou que a rotina aparentemente harmoniosa da família “era uma farsa”. E frisou que Monique mentiu para a polícia “para proteger o assassino do filho”:

— Com as múltiplas lesões no cadáver, e as conversas, notamos que era uma farsa aquela família harmoniosa. A mãe não comunicou à polícia, não afastou o agressor do convívio da criança. Além disso, quando verificamos o pior resultado possível de violência, que é a morte, ela esteve na delegacia e mentiu para proteger o assassino do filho. Ela se omitiu e concordou com esse resultado. Ela se manteve firme.

O delegado destacou que “essas pessoas (Jairinho e Monique) têm que ser responsabilizadas pela dinâmica do que aconteceu naquela madrugada”. Disse que a investigação seguirá para apurar se a mãe participou de alguma agressão contra o filho e afirmou que Monique poderia ter denunciado o namorado, mas não o fez. Damasceno descarta a possibilidade de a mãe de Henry ter sido coagida pelo atual companheiro.

— Ela, em inúmeros momentos, poderia falar conosco (durante o depoimento) sobre o que aconteceu. Ela estava muito à vontade no depoimento, inclusive. Se eu tivesse notado qualquer tipo de coação eu não teria pedido a prisão dela. Ela teve um comportamento frio após a morte do filho. Ela conseguiu prestar um depoimento de quatro horas para proteger o assassino do filho — disse.

Sobre uma possível fuga, o policial disse que houve uma vigilância do casal para que eles não escapassem.

O Globo

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