MÚSICO QUE PLANEJAVA PRIMEIRO FILHO FICA INFÉRTIL APÓS CONTRAIR COVID-19

Foto: Arquivo pessoal/Alessandro Ribeiro

Um músico de 42 anos, que planejava ter o primeiro filho com a esposa, descobriu que ficou infértil devido às complicações causadas pela Covid-19. Ele e a mulher, que tem endometriose severa, se preparavam para fazer uma inseminação artificial quando receberam a notícia. Especialistas tentam reverter a situação com um tratamento de três meses.

Alessandro Ribeiro Inácio está há cerca de sete anos tentando ter seu primeiro filho com a esposa. A demora, a princípio, tinha relação com uma endometriose severa descoberta na companheira. No entanto, o casal terá que esperar mais para realizar o sonho, desta vez por complicações de fertilidade no músico, causadas pela Covid.

Ambos foram diagnosticados com Covid-19 em junho deste ano. Eles tiveram sintomas que evoluíram rapidamente e os fizeram ser internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O músico ficou 18 dias internado na UTI, sem intubar, e mais outros cinco dias na enfermaria.

Quando recebeu alta, ele descobriu que neste período havia tido um derrame pleural no pulmão, trombo pulmonar e pegou duas bactérias hospitalares. Mas não parou por aí. Duas semanas depois, Alessandro decidiu voltar à clínica de fertilização para retomar os procedimentos para a inseminação artificial com sua esposa.

O médico repetiu os exames e, para a surpresa do casal e também do especialista, os resultados apontaram que Alessandro estava infértil. Antes da Covid-19, o espermograma do músico apontava índice de cerca de 80% de vitalidade, ou seja, espermatozoides vivos. Após a recuperação da Covid-19, o número não chegava a 1% do total.

“Fiquei muito chateado, muito triste. Super preocupado, né? Não sabia que tinha como voltar ao normal”, desabafa o músico.

Infertilidade pode ser reversível

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) já apontou indícios que a infecção causada pela Covid-19 pode estar relacionada a casos de inflamação do epidídimo em homens – um canal próximo aos testículos por onde passam os espermatozoides. O estudo foi publicado no início deste ano na revista científica “Andrologia”.

É porque o coronavírus, para invadir as células humanas onde pode se replicar, se liga a receptores feitos de uma proteína conhecida como ACE2. Elas estão muito presentes nos pulmões – e nos testículos.

O ginecologista especialista em reprodução humana que acompanha o casal, Condesmar Marcondes, explica que já está tentando reverter a situação de Alessandro com vitaminas e antioxidantes potentes, em um tratamento por três meses.

“Eu nunca tinha visto isso na minha clínica. Não quer dizer que todos os homens se tornarão inférteis, mas também pode haver mais pessoas inférteis sem descobrir”, comenta o especialista

Ele explica que, no caso de Alessandro, pode ter acontecido inflamação por microtromboses. “Muito possivelmente, a Covid-19 matou a produção dos espermatozoides e comprometeu a ‘fábrica’. Espero que não seja definitivo. Estamos medicando”, diz.

Ao final do tratamento, o músico passará por novos exames para checar se a situação foi revertida. “Quero muito que dê certo. E que eu e minha esposa consigamos fazer a fertilização”, finaliza o músico.

Por Juliana Steil, G1 Santos

 

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