MÃE DIZ QUE ‘TUDO VAI PASSAR’ AO SER INFORMADA PELA MADRASTA QUE O FILHO, ESTUDANTE DE MEDICINA, TERIA ABUSADO DE IRMÃS DE 3 E 9 ANOS

Foto: Reprodução

Diante da denúncia de que o enteado que criou desde os 11 anos teria abusado sexualmente de suas filhas de 3 e 9 anos, a madrasta do estudante de medicina Marcos Vitor Aguiar Dantas Pereira, de 22 anos, que está foragido, fez contato com a mãe biológica do rapaz. Em troca de mensagens que começaram no dia 9 de setembro, ela — que pediu para não ter o nome revelado e identifica-se nesta reportagem como P.L. — relatou todo o drama familiar que veio à tona depois de a sobrinha, hoje com 13 anos, ter dito que foi molestada por ele entre os 5 e 10 anos. A família de classe média da Zona Leste de Teresina, no Piauí, deu início então a uma luta por justiça, o que depende da localização de Marcos Vitor.

P.L., que também cursa medicina, conta que, durante seu casamento com o pai do rapaz, nunca tivera contato com a mãe dele. Ela, de acordo com P.L., morou cerca de 10 anos em Portugal e recentemente voltou ao Brasil. O contato de P.L. com a mãe do acusado se deu porque ela queria que os pertences dele fossem retirados de sua casa. Também apelou para que a mulher ajudasse a levá-lo às autoridades e, sobretudo, a alertou sobre o caso, visto que Marcos Vitor tem uma irmã de 4 anos por parte de mãe.

— Se ele fez com as minhas filhas, pode ter feito com a criança (irmã por parte de mãe). Eu temo que tenha acontecido — diz P.L. — Ela (a mãe biológica de Marcos Vitor) primeiro perguntou se eu tinha certeza. Eu disse que sim, porque na minha família não temos o hábito de mentir — completou.

Segundo P.L., a mãe do rapaz entrou em contato com ele e depois voltou a conversar com ela, como se estivesse tentando convencê-la a não fazer nada contra o investigado. A mulher ainda questionou o motivo pelo qual a madrasta havia a procurado depois de anos sem se falarem.

— Depois que falou com ele, ela me disse: “obrigada por todo esse tempo que você ficou com ele”, querendo me adular para eu não fazer muita coisa contra ele. Ficou parecendo que ela queria que eu dissesse alguma coisa nas mensagens. Perguntou se durante todo o tempo em que convivi com ele percebi alguma coisa estranha e por que eu tinha procurado por ela depois de tantos anos. Eu disse que estava contando porque sabia que ela tinha uma filha e eu não desejava o que eu estava passando a ninguém. Então eu falei: pensa o que quiser, negligencia se quiser, mas está dado o recado — conta P.L.

A Polícia Civil do Piauí não localizou Marcos Vitor nos endereços que constam no inquérito, como a casa da mãe em Teresina. O estudante também não estaria mais em Manaus, onde foi cursar medicina há cerca de dois anos. O advogado dele, Eduardo Faustino, que negou que o estudante estivesse foragido — alegando apenas que ele “abriu mão do direito ao interrogatório” — não se pronunciou mais sobre o fato de seu cliente não estar sendo localizado.

P.L. relata que, após as crianças da família terem relatado os abusos, Marcos Vitor teria confessado os crimes para ela em troca de mensagens, atribuindo os episódios a um “lado obscuro” de sua personalidade. As cópias dessas mensagens estão em poder da polícia. A madrasta acredita que, assim como admitiu para ela, ele deve ter confessado para a mãe.

Nas trocas de mensagem que teve com a mãe biológica do acusado, a mulher fala que “compreende” a situação de P.L. e pede calma para resolver o caso de forma pacífica. P.L., por sua vez, pede para a mãe do rapaz ajudá-los a fazer com que Marcos Vitor se entregue, para pôr fim ao pesadelo. “Pede para o Marcos Vitor se entregar, confessar tudo que fez, vai ser melhor para todo mundo. A gente acaba com essa exposição”. E avisa: “a gente não vai parar enquanto isso não acontecer”. A mãe de Marcos Vitor, então, responde: “Diferente de vocês, vamos fazer tudo dentro da legalidade. Sem expor ninguém. Nem mesmo vocês”.

P.L. teme que a mãe esteja ajudando o filho a se esconder. Numa das mensagens, a mãe do estudante ainda fala: “Estou vendo que você está nervosa. E não é para menos. Se você se preocupou em me avisar, deve imaginar que também estou. Ele é meu filho tanto quanto seu”. Ao que P.L. apenas responde: “Ele não é mais nada meu”.

Depois que o caso veio à tona, P.L. se separou do pai do rapaz. Ela acusa a família do estudante de não entregá-lo à Justiça.

O Globo

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