COREIA DO SUL AVALIA PROIBIR CONSUMO DE CARNE DE CACHORRO

Foto: Getty Images/AFP/E. Jones (via DW)

O governo da Coreia do Sul anunciou na 5ª feira (25.nov) que planeja criar um comitê de aconselhamento para discutir uma possível proibição do consumo de carne de cachorro no país.

A comissão de 20 membros será composta por especialistas, membros de organizações privadas e autoridades do governo, informou o Ministério da Agricultura sul-coreano, e deverá chegar a um consenso sobre a questão até abril de 2022.

Por um lado, o projeto é exaltado por ativistas e donos de animais de estimação. Os tradicionalistas, por outro, alegam que a carne é uma receita típica sul-coreana e que as pessoas devem ser livres para consumi-la.

O tema entrou na agenda governamental depois que o presidente Moon Jae-in sugeriu, em setembro, que seria hora de impor uma proibição à venda e ao consumo da carne de cachorro.

Moon, que é um adorador de animais, disse que comer cães tem se tornado cada vez mais controverso na comunidade internacional. E isso não é recente. Em 1988, por exemplo, o governo fechou todos os restaurantes que serviam carne de cachorro em Seul durante os Jogos Olímpicos, a fim de evitar uma imagem negativa da culinária local.

QUEDA BRUSCA DE POPULARIDADE

Ainda que a carne de cachorro faça parte da culinária coreana há séculos, sua popularidade tem caído drasticamente nos últimos anos.

Em 2019 foram contabilizados menos de 100 restaurantes servindo cachorros em Seul, e a indústria relatou que as vendas tiveram queda de até 30% em 1 ano. O maior abatedouro de cães do país, em Seongnam, fechou em 2018. O último grande mercado de carne canina, na cidade de Daegu, fechou no início deste ano.

Todos os anos, porém, são criados até 1,5 milhão de cães para fins de alimentação em fazendas espalhadas pelo país. A maioria é consumida nos meses quentes e úmidos do verão, em meio à crença de que comer carne de cachorro aumenta a resistência e a virilidade dos homens.

Segundo uma pesquisa de opinião pública divulgada em 2020 pela ONG de defesa dos direitos dos animais HSI (Sociedade Humana Internacional), 84% dos coreanos não comem ou não querem comer cachorro, e 60% disseram apoiar uma proibição do comércio.

“Na última década, com cada vez mais pessoas tendo cães de estimação em casa, os animais são vistos como parte da família, e não como alimento. A maioria dos jovens na Coreia sente-se horrorizada e enojada com a ideia de comer cachorro”, afirma Nara Kim, que dirige a campanha “End dog meat” (Pare com a carne de cachorro), da HSI.

“Além do aumento no número de donos de animais, cresceu também a conscientização das questões de bem-estar animal e, especificamente, o sofrimento animal que ocorre nas fazendas e nos matadouros”, diz Kim.

A mídia coreana demorou para informar a sociedade sobre a real situação das fazendas de cães. Mas quando os ativistas da HSI começaram a levar repórteres até esses locais, os telespectadores ficaram chocados não só com as condições, mas ao verem animais que consideram de estimação esperando para ser abatidos.

Poder360

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