LUZ DEVE SUBIR 19% EM 2022, DIZ LEVANTAMENTO; SECA É MAIOR RESPONSÁVEL

Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

A conta de luz deve sofrer, em média, reajuste de 19% no ano que vem. A maior parte do aumento, 12%, será necessária por causa da alta de custos da geração de energia, provocada pela seca. Os cálculos são da TR Soluções, uma empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia.

O país vive a pior seca em 90 anos, o que provocou o acionamento de usinas térmicas para suprir a demanda por energia elétrica. Como essas usinas são mais caras, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) determinou a cobrança de uma taxa extra na conta de luz, a bandeira tarifária.

O problema é que o valor arrecadado com a bandeira não está cobrindo todos os custos: segundo a própria agência, em setembro o rombo já era de R$ 9,87 bilhões. O cálculo da TR Soluções é de que, até 2022, esse déficit vai aumentar ainda mais, para R$ 17,8 bilhões.

O levantamento da empresa aponta que em algumas regiões a alta da conta no ano que vem pode ser superior a 30%. A TR Soluções não detalhou quais seriam esses locais, alegando questões comerciais.

A previsão da empresa, apesar de alta, ainda pode estar abaixo da realidade. Documentos internos da própria Aneel, obtidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, preveem aumento médio de 21,04% na conta em 2022.

Em 2021, o reajuste acumulado na conta de luz para o consumidor residencial chega a 7%.

Por que a conta não fecha

O rombo na conta das bandeiras começou no ano passado. Por causa da pandemia, a Aneel suspendeu a aplicação da taxa extra, como uma medida emergencial para aliviar a conta de luz dos consumidores. Com isso, no começo do ano, o déficit já era de R$ 3,1 bilhões.

Em 2021, a Aneel reajustou o valor das bandeiras amarela, vermelha patamar 1 e vermelha patamar 2 (que já existiam), deixando os valores mais altos.

A bandeira vermelha patamar 2, que estava em vigor, aumentou 52%. À época, porém, a posição da área técnica da Aneel era de que o reajuste deveria ter sido maior. Ou seja, mesmo reajustada, a taxa ainda não cobriu os custos extras de geração.

Em agosto, a agência criou uma nova bandeira, chamada de escassez hídrica. A taxa é ainda mais cara, de R$ 14,20 por 100 kWh consumidos. Esse é o valor que está em vigor atualmente. Ele representa um aumento de 49,6% em relação ao anterior, de R$ 9,49 por 100 kWh.

Segundo Helder Sousa, diretor de Regulação da TR Soluções, o aumento “recuperou um pouco” as contas, mas não o suficiente.

”O déficit começou lá atrás [em 2020], porque a bandeira não foi aplicada. Depois, os valores deveriam ter sofrido reajuste maior. Desde o início, a área técnica da Aneel falava que o valor precisava ser de R$ 15 por 100 kWh para pagar os custos, mas a diretoria resolveu aprovar um valor menor.”

Esses custos que não foram cobertos acabam sendo absorvidos pelas distribuidoras, mas vão chegar ao consumidor em algum momento.

Como funciona o reajuste da conta de luz

As tarifas de energia elétrica são revisadas pela Aneel anualmente para cada concessionária. Nos cálculos, a agência considera os custos operacionais e os investimentos necessários para a operação do serviço.

Os reajustes acontecem em datas que são determinadas em cada contrato de concessão. Por isso, não há um dia em que a conta vá subir em todo o país. Em São Paulo, por exemplo, o reajuste de 2021 foi definido em junho. No Rio, a alta ocorreu em março.

UOL

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