Parada LGBT+ 2022 na avenida Paulista, em São Paulo – Foto:
Em meio ao avanço de casos de varíola do macaco, organizadores de festas LGBTQIA+ decidiram adiar edições que estavam programadas para este mês a fim de evitar a propagação da doença.
Apesar disso, eles lamentam que a iniciativa de evitar aglomerações se restringe à comunidade gay, enquanto festas com público de maioria heterossexual continuam acontecendo normalmente.
A transmissão do vírus que causa a doença ocorre principalmente pelo contato direto com as lesões que a doença causa nos pacientes. No surto atual, a maior parte dos casos tem associação com atividade sexual, mas qualquer pessoa está sujeita a doença. Já foram registrados casos em crianças e em pessoas sem histórico sexual recente.
Atualmente, a maioria dos casos são registrados em homens que mantêm atividades sexuais com outros homens. O cenário, no entanto, gera receio de estigmatização dessa população.
Preconceito
Os cancelamentos de festas destinadas à população LGBT+ não são seguidos pelos eventos que atendem a população heterossexual, diz Maia, o produtor da Kevin(Festa LGBT). Para ele, isso é um motivo de indignação.
“O que mais incomoda é ter festas de sexo que são gay e LGBT+ sendo ‘forçadas’ a parar […] enquanto shows e casas de sexo ‘hétero’ (como as de swing), por exemplo, sequer são cobradas por essa questão”, afirma.
O produtor acredita que os cancelamentos somente nas festas LGBT+ pode reforçar a ideia de que a varíola do macaco é uma doença exclusiva da comunidade.
Folha de São Paulo