Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) arregimentar apoios de governadores eleitos, o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PP), diz confiar numa virada no segundo turno. Para ele, o presidente consegue avançar no Sudeste – região considerada prioritária –, mas também no Nordeste, onde, conforme sua avaliação, deputados que fizeram campanha colados no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agora poderão angariar votos para Bolsonaro, já que não são mais candidatos.
Em entrevista ao Estadão, ele afirmou ainda ver que Lula atingiu um teto e que ainda há votos úteis que caminham para Bolsonaro.
“Os grandes apoios estão do lado do presidente. O voto da Simone Tebet que ia para o Lula a gente já mediu e foi no primeiro turno. Nas nossas pesquisas, Lula não teve aumento de votos. A gente acredita que ele chegou no teto”, afirmou.
Que cálculos a campanha faz para reverter a desvantagem de 6 milhões de votos?
A gente terminou o primeiro turno com as pesquisas dando um resultado bem diferente, uma grande possibilidade de primeiro turno (para Lula). E os nossos (institutos de pesquisa) que estávamos nos baseando, cravando segundo turno com 6 pontos (de diferença). A gente ficava muito tranquilo que iria para o segundo turno com uma margem de 4 a 8 pontos. Esse é o cenário que dava para virar no segundo turno. Se o resultado fosse acima de 8, eu achava difícil a virada. Quando veio esse cenário de cinco pontos, a gente sabe fazer conta. Primeiro precisávamos ganhar no Sudeste e ganhar em São Paulo e o Tarcísio (de Freitas) ir para o segundo turno, para a gente ter um arranque. (Bolsonaro) Recebeu apoio do governador de Minas (Romeu Zema), que pode ajudar a virar Minas. Recebemos grandes apoios. A gente projeta mais de 60%, tanto ele quanto Tarcísio (dos votos em São Paulo). Goiás está com o presidente. No Nordeste é o voto de base, (o deputado) coloca o voto na urna.
Como assim?
Teve 82% de votos válidos para deputado federal. A cola desses deputados para sobreviver era com Lula. Se eles colocassem na colinha o nome de Bolsonaro no primeiro turno, eles perdiam voto. E esses deputados que já estão eleitos foram ao Planalto, tiveram com o presidente e disseram: ‘Agora, no segundo turno, é só o presidente. Nossa base vai votar no presidente’. Ele vai ter aí 300 deputados que não trabalharam para ele e que agora vão trabalhar. Hoje vejo perspectiva total de vitória de Bolsonaro.
Lula conseguiu apoios ao centro, como Simone Tebet, enquanto Bolsonaro fechou com os governadores eleitos dos grandes colégios eleitorais. O que vale mais?
Os grandes apoios estão do lado do presidente. O voto da Simone Tebet que ia para o Lula a gente já mediu e foi no primeiro turno. Nas nossas pesquisas, Lula não teve aumento de votos. A gente acredita que ele chegou no teto. Ele recebeu todos os votos possíveis de Ciro Gomes e Simone. Ele perde em São Paulo, perde em Minas. O presidente vai converter votos até pela rejeição, que já diminuiu muito. Quem recebeu apoio foi Bolsonaro. A política sabe ler. O mercado cresceu na segunda-feira, 5,5%. Quem tem leitura política vê que um Congresso conservador assumiu o Senado e a Câmara. Bolsonaro teve um pouco menos votos que esse Congresso. Tem tudo para chegar a esse patamar. A leitura do mercado é: Se Lula for eleito nesse Congresso, o Brasil não vai se entender.
Com informações do Estadão Conteúdo