Foto: Sérgio Lima/Poder 360
A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou ao Poder360, nesta 5ª feira (13.out.2022), que não mentiu sobre os supostos crimes de abuso sexual contra crianças no arquipélago do Marajó, no Pará. A ex-ministra disse ainda que vai esperar a manifestação oficial do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos ao MPF-PA (Ministério Público Federal do Pará) para voltar a se pronunciar sobre o caso.
“Quando o ministério da Mulher fizer a resposta oficial, aí eu vou falar sobre o assunto de novo. Só vou te dizer uma coisa: eu não menti. Só isso. Mas vamos esperar o ministério da Mulher falar sobre isso“, declarou.
Na mesma data, o MPF-Pará divulgou uma nota dizendo que “em 30 anos, nenhuma denúncia ao MPF sobre tráfico de crianças no Marajó mencionou torturas citadas por Damares”.
“O Ministério Público Federal (MPF) atuou, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um inquérito policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico internacional de crianças que teriam ocorrido desde 1992 no arquipélago do Marajó, no Pará. Nenhuma das denúncias mencionou nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra Damares Alves no último dia 8”, diz o documento.
Durante um culto na Assembleia de Deus em Goiânia (GO) no sábado (8.out.2022), Damares afirmou que tinha imagens de crianças brasileiras que teriam seus dentes “arrancados para não morderem no sexo oral“. Ela disse também que “essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”.
Depois das declarações, a ex-ministra afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo nesta 5ª feira que todas as “denúncias que chegaram na nossa ouvidoria foram encaminhadas para as autoridades competentes“.
De acordo com Damares, os relatos eram recebidos pelo disque 100 do Ministério da Mulher e repassados para o Ministério Público.
De acordo com Damares, a declaração no culto foi baseada em “documentos e provas“.
“Quando eu trouxe a tona, o pessoal se assustou, o que me deixa triste é imaginar que milhões de pessoas não sabiam disso. Mas isso já tem sido dito há muito tempo e o Ministério Público, os delegados da região recebem muitos desses relatos (…) Eu não falaria uma coisa que eu não tivesse documentos e provas“, disse.
O MPF-PA , no entanto, pediu detalhes sobre os casos ao Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos para “tomar providências” e saber se o governo denunciou os crimes ao Ministério Público ou à Polícia.
Poder 360