Lula critica na China poder do dólar e defende moedas dos Brics

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Visita de Lula à China levanta riscos de armadilha financeira do yuan e de “bandeira vermelha” para os EUA.  O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quinta-feira (13), em Xangai, a substituição do dólar pelo yuan nas transações entre China e Brasil.

O presidente  questionou o uso exclusivo do dólar como lastro para exportações e defendeu a consolidação de uma moeda comum para transações entre os países dos Brics , formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Em seu primeiro discurso na China, Lula criticou o uso do dólar como moeda global. Lula disse que “se pergunta todas as noites” por que o dólar é usado nas transações entre países, e desafiou: “Não podemos inovar?”. Por trás de uma moeda, existe todo um sistema institucional, que a torna mais ou menos confiável.

“Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que não temos o compromisso de inovar? Quem decidiu que era o dólar a moeda depois que desapareceu o ouro como paridade?”, questionou o petista.

O Banco Central americano é independente e o sistema de Justiça, eficiente e eficaz. Foi por isso que o dólar se consolidou como moeda global.

Quando há uma crise de confiança, mesmo que ela tenha sido gerada nos próprios Estados Unidos, como foi o caso em 2008, os investidores correm para o dólar porque confiam nos fundamentos institucionais que sustentam a economia americana.

O fato de a China ser a segunda maior economia do mundo, e no futuro talvez a primeira, não muda o risco representado por ter yuans nas reservas, seja como dinheiro físico, seja digital ou qualquer tipo de ativo denominado na moeda chinesa.

O Banco Popular da China não é independente, e o renminbi, nome técnico da moeda chinesa, não flutua livremente, como o dólar, o euro, a libra ou o próprio real.

Como já aconteceu várias vezes, o governo chinês pode adotar medidas para desvalorizar a moeda, por exemplo, para aumentar as exportações ou para fazer frente ao déficit público interno.

Ele tem feito isso sem sequer anunciar ou assumir publicamente, deixando os agentes econômicos descobrirem sozinhos. Da noite para o dia, com uma canetada, as reservas do Brasil denominadas em yuan podem perder 5% ou 10% de seu valor.

Além disso, a moeda chinesa só serve para comprar produtos chineses, ou dos países que a aceitam, como viria a ser com os integrantes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), conforme a proposta de Lula. Isso tiraria a liberdade do Brasil de escolher seus fornecedores.

Hoje, nossa venda de soja, minério de ferro e carne para a China abastece os cofres do Banco Central do Brasil com dólares, que usamos para importar o que quisermos, pagar dívidas externas ou comprar reais para segurar o valor da nossa moeda.

Recebendo em renminbi, só poderíamos comprar produtos chineses ou desses outros países, que não são necessariamente os que produzem o que precisamos, com a qualidade e preço que desejamos. É uma armadilha financeira.

A Huawei foi banida pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. A Alemanha estuda fazer a mesma coisa. Outros países adotaram restrições pontuais, de gerações de equipamentos ou para determinadas empresas, como foi o caso da TIM italiana.

Com informações  do CNN Brasil /Gazeta do Povo / Estadão

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