Foto: Reprodução/Twitter
Os bombeiros resgataram nesta quarta-feira um homem identificado como Alejandro B., de 48 anos, que vivia preso entre o lixo no porão de um prédio de apartamentos em El Prat de Llobregat, na cidade espanhola de Barcelona.
A polícia recebeu uma notificação às 8h30 de que o homem havia caído em casa, não comia nem bebia há vários dias e precisava de ajuda. Informações policiais indicam que Alejandro pesa mais de 250 kg e que não sai de casa desde a pandemia, altura em que começou a trabalhar de forma remota.
Bombeiros resgatam homem de 250 kg preso em ‘montanha’ de lixo em seu apartamento; veja vídeohttps://t.co/Famx8AZ8FJ pic.twitter.com/SUZce8lqdA
— Daltro Emerenciano Instagram @blogdedaltroemerenci (@BlogdeDaltro) May 25, 2023
O resgate durou um total de sete horas. Com uma escavadeira e pela janela, os bombeiros retiram os sacos, plásticos, caixas e outros detritos acumulados na casa do homem, que supostamente sofre da síndrome de Diógenes.
Depois de verificarem que Alejandro estava bem e o colocarem para receber oxigênio, devido às dificuldades respiratórias, os bombeiros iniciaram as manobras de salvamento, que culminaram por volta das 3h, quando conseguiram retirá-lo de casa com um empilhador até a janela.
Os bombeiros intervieram com máscaras e trajes de risco biológico. Fontes policiais acrescentam que nunca haviam agido em uma situação tão extrema.
Os vizinhos já haviam alertado a Câmara Municipal de Barcelona a respeito da situação. Em outubro do ano passado, uma comissão chegou a fazer contato com Alejandro.
— O Sistema Médico de Emergência (SEM) e o Corpo de Bombeiros intervêm, ele diz que está tudo bem e não deixa ninguém entrar em casa — explica Arnau García, chefe de ação social e comunitária de El Prat.
— É escandaloso — criticou um dos vizinhos de Alejandro.
O vizinho lamentou que os serviços sociais e a polícia não tenham agido perante um caso claro de doença.
— Eles falaram com ele ao telefone e ficaram satisfeitos quando ele disse que estava bem — insiste este homem que, como outros vizinhos, pede para não ser identificado.
Até antes da pandemia, explicam que Alejandro foi trabalhar no aeroporto, onde dizem que atuava como cientista da computação.
— Uma van trazia e levava, e só nos quatro degraus até a casa dele, lá embaixo, demoravam 20 minutos — lembra. Com a pandemia, Alejandro não saiu mais de casa.
O serviço de saúde de Barcelona começou a tratar Alejandro em 2003. Um arquivo inicial foi então aberto.
— Ele foi visitado em casa, foi constatado que sofria de obesidade mórbida e um certo acúmulo de coisas — explica Arnau García, chefe de ação social e comunitária da Câmara Municipal de El Prat.
Em 2012, novamente os serviços públicos de saúde e sociais intervieram perante um agravamento do quadro de Alejandro, a quem trataram durante dois anos “até que a situação se considere normalizada”. Eles não detectam mais “nenhuma situação anômala” desde então.
Os vizinhos, no entanto, garantem que alertaram por diversas vezes. O sistema de saúde tem quatro alertas, em 2015, em 2018 e em outubro de 2022, quando vão à casa, mas Alejandro não abre a porta para eles.
— Não há indicação de condições insalubres ou mau cheiro, os vizinhos apenas nos alertam que não o veem — disse García.
Ao verificar que se encontra em casa, supostamente bem, conforme afirma, não é feita qualquer outra intervenção. No prédio, por outro lado, relatam uma grave preocupação com a saúde do homem, com quem falavam alto da porta, porque ele não saía.
— Ele respondeu que estava bem e não podíamos fazer muito mais — explicam os vizinhos.
Alejandro está internado no hospital Bellvitge e não corre risco de morrer, segundo fontes policiais. A Câmara Municipal está “em muito estreita coordenação” com as unidades de saúde, para ver a sua evolução.
— Tem que analisar se pode voltar para casa ou se precisa ser internado em um centro social de saúde — explica García. O técnico lamenta um indicador que passou despercebido porque nunca chegou aos serviços municipais: Alejandro não pegava os remédios na farmácia há anos.
— É algo que poderia ter disparado o alarme para nós — admite García.
O Globo