Lira e Pacheco cacifam aliados para sucedê-los nas presidências da Câmara e do Senado

Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), têm direcionado esforços para turbinar os mandatos de dois aliados preferenciais, Davi Alcolumbre (União-AP) e Elmar Nascimento (BA), respectivamente, em um movimento que visa à manutenção do controle do Congresso. A dupla almeja suceder os seus padrinhos políticos no comando das Casas e usa a aliança com eles para agradar da base à oposição. A disputa pelo posto ocorrerá no ano que vem.

Aliados de ambos reconhecem que a proximidade com Pacheco e Lira serve como trunfo para Alcolumbre, que preside a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e Elmar, o líder do União na Câmara. Políticos do comando do União Brasil veem Alcolumbre, que já presidiu o Senado e articulou as duas eleições do atual ocupante do posto, como um caminho mais pavimentado para voltar à cadeira, na comparação com o correligionário da Câmara.

Adversários atuam

Por outro lado, concorrentes avaliam que não basta ter apoio dos presidentes das Casas. No Senado, por exemplo, PSD, MDB e PL, as três maiores bancadas, se movimentam para ter candidaturas próprias. Já na Câmara, o presidente do Republicanos e postulante ao comando da Casa, Marcos Pereira (SP), tem apostado em uma divisão no Centrão, que elegeu e reelegeu Lira. Pereira também é visto por parte do governo como dono de um perfil menos afeito a embates.

Já em ritmo de campanha, o governista Alcolumbre, por exemplo, usa a influência à frente da CCJ para fazer acenos à oposição. Um desses gestos foi a escolha do senador Marcos Rogério (PL-RO) para relatar o projeto do marco temporal — bolsonarista, o parlamentar também cultiva boa relação com Alcolumbre e Pacheco.

Em outro movimento, o presidente da CCJ prometeu definir um relator para uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece mandatos para ministro do Supremo Tribunal Federal, tema que é demanda de bolsonaristas.

Líder do União no Senado, Efraim Filho (PB) diz que Alcolumbre é “prioridade” da bancada na sucessão e que os afagos a alas antagônicas da Casa representam fielmente a postura da sigla:

— A bancada tem atuado com equilíbrio, apoiado agenda econômica para a retomada do crescimento e do emprego, mas não abre mão de suas posições.

Já o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), vê os gestos como respostas naturais:

— A pressão sobre esses temas é enorme, e temos nos mobilizado.

Ainda no contexto de ampliar o círculo de apoios, Alcolumbre praticamente cedeu sua vaga na CPI do 8 de Janeiro para o senador oposicionista Sergio Moro (União-PR). A aliados, o ex-juiz classifica a atuação do presidente da CCJ de “independente” — na comissão, inclusive, projetos de Moro costumam andar com celeridade e, em agosto, duas propostas dele ligadas à segurança pública foram aprovadas.

Em paralelo, Alcolumbre mantém o apoio ao governo. Ele agiu, por exemplo, para que o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) não se filiasse ao União Brasil, o que acabaria reforçando a ala de oposição dentro da bancada, que já conta com três representantes. O senador também tem articulado para auxiliar o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), e atuou em parceria com ele para indicar cargos federais no Amapá, estado de ambos.

O Globo

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