Praia no Nordeste brasileiro já perdeu mais de 100 metros de faixa de areia em 40 anos devido ao avanço do mar

Foto: Carlos Gibaja e Thiago Gaspar/Governo do Ceará/Divulgação

A praia do Icaraí, no município de Caucaia, foi a mais afetada pelos processos de erosão costeira na região metropolitana de Fortaleza. Entre os anos de 1984 e 2020, a praia perdeu 109,7 metros de faixa de areia, segundo estudo da Universidade Federal do Ceará (UFC). Após uma série de danos causados pelo avanço do mar, a região busca se recuperar com intervenções para desacelerar a erosão.

Além das perdas das últimas décadas, a praia está entre as que devem ser afetadas pelos processos erosivos até 2040, conforme pesquisa do Departamento de Geologia da UFC.

A praia do Icaraí fica no município de Caucaia, a cerca de 20 km do centro de Fortaleza. Com 5,64 km de orla, o Icaraí fica entre as praias do Pacheco e da Tabuba.

A região, que já concentrou festas e moradias de veraneio, passou a ter um cenário de quase abandono, com vias e prédios danificados.

Os fatores para o avanço do mar

A erosão acontece quando um trecho de praia perde sedimentos e não tem a mesma quantidade reposta. Os efeitos deste processo no Icaraí são apontados como um exemplo da erosão causada pela ação humana.

Segundo o estudo, os motivos para o avanço do mar naquele trecho têm origem no início na década de 40, com a construção do Porto do Mucuripe na cidade vizinha, a capital Fortaleza, onde foram implantadores molhes, estruturas de pedra construídas nos portos com formato alongado para dentro do mar.

Quando a erosão começou a atingir a orla de Fortaleza, foram construídos espigões, espécie de estrutura de pedras semelhante aos molhes, mas que adentra o mar com a função de proteger a faixa de areia do avanço das águas.

De acordo com o geólogo Luiz Henrique Joca Leite, do Departamento de Geologia da UFC, o movimento natural dos sedimentos ao longo da costa (chamado de deriva litorânea) tem sido fortemente afetado pelas estruturas do porto e dos espigões construídos em Fortaleza.

Agora, para evitar o mesmo problema na praia do Icaraí, foram construídos três espigões e mais oito estão nos planos. Ambientalistas temem que os novos espigões não resolvam o problema, apenas o transfira para outra praia, assim como as estruturas de Fortaleza levaram a erosão para a praia vizinha.

g1/CE

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