Foto: Reprodução
O que você estava fazendo aos 14 anos? Com esta idade, o jovem norte-americano Heman Bekele criou um sabonete que pode ajudar no tratamento contra o câncer de pele. Além de um prêmio científico, ele estampa a última edição da revista Time como “o garoto do ano em 2024”.
A inspiração para desenvolver um sabonete para tratar o câncer de pele surgiu em memória às pessoas que trabalhavam embaixo do forte sol na Etiópia, seu país de origem. Bekele comentou, em um artigo no jornal da escola em que estuda, que “o câncer de pele é predominantemente encontrado em regiões de países em desenvolvimento”, incluindo sua preocupação com o elevado custo de uma cirurgia para tratar a doença.
Visando se tornar um cientista, Bekele iniciou uma investigação sobre o câncer de pele, com foco nas células dendríticas, que desempenham um papel crucial no fortalecimento do sistema imunológico no combate às células cancerígenas. Então, ele empregou uma variedade de ingredientes, como ácido salicílico, ácido glicólico e tretinoína, para criar um sabonete destinado ao tratamento do câncer de pele, projetado para estimular as células dendríticas.
Um dos desafios foi encontrar a fórmula certa para garantir que o sabonete mantivesse sua integridade, sem se desfazer em pedaços. Como solução, o jovem utilizou uma combinação de um hidratante, óleo de coco e manteiga de karité orgânica.
A empresa 3M e a Discovery Education selecionaram Heman, um aluno do décimo ano, como o vencedor do Desafio Jovem Cientista. Seu prêmio, além dos $ 25.000 (cerca de R$ 137 mil) para ser investido na pesquisa, inclui o título em uma das principais revistas do mundo.
“Sou realmente apaixonado pela investigação do cancro da pele. Seja a minha própria investigação ou o que está acontecendo na área. É absolutamente incrível pensar que um dia meu sabonete poderá causar um impacto direto na vida de outra pessoa. Essa é a razão pela qual comecei tudo isso” relatou o jovem à revista Time.
Desenvolvimento da pesquisa
Em fevereiro deste ano, o adolescente participou de um evento organizado pela Melanoma Research Alliance, nos EUA. Lá, ele conheceu Vito Rebecca, um biólogo molecular e professor assistente na Johns Hopkins.
“Lembro-me de ler em algum lugar algo sobre um jovem garoto que teve uma ideia para um sabonete contra câncer de pele. Imediatamente despertou meu interesse. E então, por pura serendipidade, nesta reunião o CEO da aliança me apresentou a Heman. Desde a primeira conversa, sua paixão ficou evidente. Quando descobri que ele morava bem perto, na Virgínia, disse a ele que se ele quisesse passar no laboratório, seria mais do que bem-vindo”, disse Rebecca à Time.
Heman aceitou a ideia, e Rebecca concordou em patrociná-lo, atuando como seu principal pesquisador e convidando-o para trabalhar no laboratório de Baltimore. Agora, Heman e Rebecca têm feito pesquisas básicas em camundongos, injetando nos animais cepas de câncer de pele e se preparando para aplicar o sabonete com infusão de imiquimode e ligado a lipídios para ver quais são os resultados.
E embora estejam se preparando para testá-lo e um controle contra o melanoma, Heman sabe que “ainda há um longo caminho a percorrer” — não apenas testando o sabonete, mas também patenteando-o e obtendo a certificação do Food and Drug Administration (FDA), processo que pode levar uma década.
Terra