Foto: Reprodução/Polícia Civil
Um tabelião de 51 anos de idade foi preso preventivamente nesta quarta-feira (18) em casa em Nova Parnamirim, na Grande Natal, suspeito de ser chefe de um grupo criminoso investigado por falsificar documentos para conseguir sacar dinheiro de contas bancárias de pessoas falecidas no Rio Grande do Norte.
A operação teve início no último dia 12 de agosto, com o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão em cinco cidades do estado, sequestro de veículos e bloqueio de contas bancárias. Além de tabeliães, advogados são investigados suspeitos de integrarem o grupo criminoso.
Segundo a Polícia Civil, o tabelião preso trabalhava em dois cartórios no interior do estado. Nesses lugares, o suspeito fazia escrituras e inventários falsos em nomes de pessoas falecidas que tinham dinheiro no banco.
Com o suspeito foram apreendidas uma caminhonete e uma motocicleta. Um outro veículo – de outro suspeito investigado – também foi apreendido nessa nova fase da operação.
De acordo com delegado Brunno Arruda, o suspeito detido nesta quarta tentou atrapalhar as investigações da polícia sobre o caso. O fato foi descoberto durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa do tabelião.
“Após as buscas que a gente efetuou na residência dele, a gente se deparou com deteminados documentos que evidenciavam que ele estaria utilizando seus contatos e suas influências – o tabelião é uma pessoa influente – nos demais órgãos para obstruir a investigação”, explicou.
Foto: Divulgação/Polícia Civil
Os suspeitos são investigados pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos públicos.
Como funcionava o esquema?
Segundo a Polícia Civil, o esquema funcionava da seguinte forma:
- advogados e tabeliães obtinham informações sobre contas bancárias sem movimentação recente que pertenciam a pessoas falecidas;
- os profissionais, então, forjavam escrituras de inventário e procurações públicas;
- nessas falsificações, eles colocavam “laranjas” como herdeiros únicos, permitindo que os criminosos sacassem os valores das contas;
- o saque, então, era realizado pelos advogados em agências bancárias,;
- em seguida, o dinheiro era distribuído em diversas contas de passagem, antes de ser dividido entre os membros da quadrilha.
O delegado Brunno Arruda explicou que os tabeliães usavam de informações privilegiadas sobre a existência dessas contas e lavraram escrituras públicas e inventários nos cartórios, “fazendo constar como único herdeiro desse falecido uma pessoas que não era [herdeira]: um laranja”.
“Pegavam os dados o laranja e, com esses dados concomitantemente com a escritura falsa, eles lavraram procurações para advogados poderem comparecer aos bancos e tirar esses valroes que estavam depositados nas contas dos falecidos”, explicou.
Primeira fase da operação
A Polícia Civil deflagrou no dia 12 de setembro no Rio Grande do Norte a primeira fase da operação Falsus Heres – em alusão a “falso herdeiro”.
Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços vinculados a uma organização criminosa do estado. As ações aconteceram em cinco cidades: Natal, Parnamirim, Ielmo Marinho, Lagoa de Velhos e Japi.
De acordo com a Polícia Civil, a estimativa é de que os golpes tenham causado prejuízos superiores a R$ 4 milhões às famílias das vítimas.
Por conta da investigação, a Justiça bloqueou R$ 4 milhões em bens e nas contas dos investigados, além de expedir oito mandados de monitoração eletrônica contra eles.
A Ordem dos Advogados do Brasil do RN informou que não foi notificada sobre a operação desta quinta, como geralmente ocorre nos cumprimentos de mandados contra advogados, como determina o Estatuto da Advocacia. A Polícia Civil não informou se os mandados foram cumpridos em escritórios ou casas dos advogados.
g1/RN