Foto: Dida Sampaio/Estadão e Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Muito se discutiu nesta campanha eleitoral sobre a influência do lulismo e do bolsonarismo nas intenções de voto dos eleitores nos mais diversos municípios do País, no entanto, algo de novo parece estar surgindo nessa polarização e que ultrapassa a lógica tradicional do enfrentamento pelo enfrentamento.
As novas caras desses dois lados têm sido expoentes fundamentais para se criar posições afirmativas, sem que as rejeições desses paralelos se sobreponham para o eleitorado. O deputado federal Nikolas Ferreira e o prefeito reeleito do Recife, João Campos, viraram importantes cabos eleitorais dando a entender que esse dualismo entre direita e esquerda no Brasil tem um caminho ainda longo pela frente, principalmente, ao se avaliar a baixa idade de ambos.
São sementes de uma nova cepa de políticos que podem, ao trilhar o caminho estratégico correto, ser protagonistas de disputas nacionais em um futuro não tão distante.
A dificuldade do PT em se renovar fez com que o partido abrisse mão de disputar as eleições em 3 dos 5 maiores colégios eleitorais do País. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, por exemplo, o PT fez alianças desde o PSOL até o PSD, de Gilberto Kassab, passando pelo MDB, na busca por derrotar o organizado bolsonarismo, mesmo sem ser protagonista.
Lula tem tido imensa dificuldade em encontrar um sucessor e o saldo da eleição municipal mostrou que o PT não tem hoje qualquer quadro capaz de ocupar esse espaço, do ponto de vista eleitoral.
Fernando Haddad parece ser ainda o preferido de Lula para esse projeto, mas falta combinar com os russos, já que o ex-prefeito conseguiu perder uma reeleição ainda em primeiro turno na capital paulista e foi derrotado pelo bolsonarismo nas duas eleições subsequentes que disputou, a primeira, presidencial, em 2018, quando foi para o sacrifício, com a prisão de Lula, e em 2022, quando foi vencido por Tarcísio de Freitas para o governo de São Paulo.
Do outro lado, Pablo Marçal bagunçou o coreto do bolsonarismo, que parecia concentrar forças no governador paulista para ser o sucessor do impedido Jair Bolsonaro na eleição presidencial daqui dois anos. Tarcísio viu sua popularidade cair com o enfrentamento que fez ao postulante do PRTB à prefeitura paulistana e recebeu a alcunha pejorativa de “goiabinha” por ser, segundo Marçal, verde por fora e vermelho por dentro, associando-o ao comunismo, já que Tarcísio entrou de cabeça no projeto de reeleição de Ricardo Nunes.
O apelido é repetido por seguidores, que inundam as redes sociais do governador com críticas à sua postura e por entenderem que o atual prefeito de São Paulo não representa os valores da direita brasileira.
Nesse ínterim, uma onda quase que natural começou a ser vista nas diferentes regiões brasileiras. De um lado, Nikolas Ferreira, deputado mais bem votado da história de Minas Gerais, com quase 1,5 milhão de votos, em um estado reconhecido pela sua importância política no Brasil, e do outro João Campos, reeleito prefeito de Recife, com 78% dos votos dos eleitores da capital pernambucana, viraram verdadeiros pop stars levando suas imagens bem avaliadas para apoiar candidaturas em locais que nada têm a ver com seus domicílios eleitorais. Suas presenças geram frenesi na imprensa e ganham destaque de apoio fundamental, com as campanhas esperando os efeitos de suas visitas nas medições de intenção de votos dos candidatos.
Estadão