Foto: Reprodução
O vídeo de uma aula de curso preparatório para carreiras militares mostra um professor descrevendo, entre sorrisos, a aplicação de spray de pimenta em uma pessoa presa no porta-malas da viatura. Este método foi utilizado nesta quarta-feira contra Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Sergipe e resultou na morte do detido.
Nas imagens, que circulam nas redes sociais, o professor Ronaldo Bandeira conta sobre um episódio no qual um preso está dentro do bagageiro da viatura enquanto os agentes registram a ocorrência.
Em seguida, o professor sorri. E acrescenta:
— Foda-se, é bom para caralho, a pessoa fica mansinha — disse. — Aí daqui a pouco só escuto assim: Eu vou morrer, eu vou morrer, aí fiquei com pena. Eu abri assim e falei: tortura! Sacanagem, fiz isso não — disse.
Professor de curso preparatório para militares ensina a fazer 'câmara de gás' em viatura. Ronaldo Bandeira, policial e docente de cursinho, aparece nas imagens descrevendo o procedimento e fazendo piada: 'É bom para c**' pic.twitter.com/tzMuHzv1dW
— Jornal O Globo (@JornalOGlobo) May 27, 2022
A administração do cursinho coordenado por Bandeira disse ao O Globo que o vídeo foi filmado em 2016, tem mais de 3 horas de duração e foi tirado de contexto.
A aula, segundo o cursinho, era sobre a Lei Penal 9.455, que trata do crime de tortura.
Bandeira publicou em suas redes sociais uma nota em que afirma que o trecho da aula se referia ao que não deveria ser feito em uma abordagem policial. A nota pode ser lida na íntegra, abaixo:
”O trecho do vídeo que viralizou faz parte de uma aula com mais de 3 horas de duração ministrada há 6 anos, em que se trata de um exemplo fictício do que NÃO DEVE SER FEITO NA PRÁTICA para esclarecer aos alunos sobre conteúdo Lei Penal 9.455/97, ANTI-TORTURA. O professor Ronaldo Bandeira não compactua com nenhum tipo de violência física ou psicológica e que nunca praticou ou presenciou um episódio desse tipo.
O professor Ronaldo Bandeira deixa claro que se trata de uma aula privada sem nenhuma vinculação com a instituição a qual pertence. É um fato isolado, não vai manchar 13 anos de história e reputação com milhares aprovados (mais de 5000 aprovados) em carreiras policiais que conseguiram realizar seus sonhos.”
O Globo