A HATMO COMBATENDO E VENCENDO O CÂNCER INFANTO JUVENIL NO RN

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Reportagem e fotos: Ilma Emerenciano

O número crescente de crianças que necessitam realizar o transplante de medula óssea no Rio Grande do Norte vem fazendo com que casas de apoio promovam campanhas com o objetivo de conseguir doadores compatíveis, como também levantar voluntários para abraçar a causa.

A Humanização e Apoio ao Transplantado de Medula Óssea – HATMO, é uma associação sem fins lucrativos constituída por pacientes, familiares e profissionais voluntários de diversos setores, que desenvolvem ações de apoio à pacientes encaminhados para transplante de medula óssea. A instituição promove campanhas de conscientização sobre o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea – REDOME, e agencia redes de solidariedade no estado do Rio Grande do Norte.

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Para a senhora Rosali Batista Ramalho Cortez, presidente da  HATMO,  com endereço na rua professor Olavo Montenegro, no bairro Capim Macio, em Natal, os casos são urgentes e em muitas situações são de difícil recuperação, submetendo muitas crianças a óbito devido a gravidade da doença e a dificuldade de se encontrar doador de medula óssea compatível.

“O transplante de medula óssea é indicado para pacientes com leucemia, linfomas, anemias graves, imunodeficiências e outras dezenas de doenças relacionadas ao sistema sanguíneo e imunológico. Quando uma criança necessita de transplante e não possui um doador na família nós realizamos campanhas através das redes sociais e eventos pontuais, principalmente nas cidades onde residem os familiares da criança. Se for encontrado um doador compatível, ele então será convidado a fazer exames complementares para realizar a doação. Infelizmente é muito difícil encontrar um doador compatível com o receptor. A chance é, em média, de uma em cem mil pessoas, mas mesmo assim as nossas campanhas têm surtindo resultados e dezenas e dezenas de crianças têm sido salvas, graças a Deus e a boa vontade dos nossos voluntariados”.

A pedagoga especialista em administração, Rosali  Cortez, que desenvolve um trabalho voluntário no Hospital Infantil Varela Santiago há vários anos, e desde o final de 2009 atua como presidente-fundadora da HATMO-RN, disse  que aprendeu que essa grande luta depende de cada um de nós, pois podemos ser a salvação de alguém. “Há cinco anos conheci Valclécia Batista Santos, uma menina de 9 anos portadora de leucemia mieloide aguda. Ela pedia muito para que encontrássemos um doador compatível para ela. Não tivemos tempo de encontrá-lo, e ela faleceu. Mas antes de morrer me pediu que lutasse por seus amiguinhos que sofriam da mesma maneira. Sua preocupação e amor ao próximo mudou a minha vida. Prometi falar sobre doação de Medula Óssea todos os dias da minha vida e isso mudou meu trabalho voluntário de uma maneira extraordinária,” disse Rosali. “Antes da Valclécia meu trabalho voluntário era de amor, carinho, visitas, pedagogia e musicoterapia. Depois da Valclécia passou também a ser de luta e de garra para tentar salvar vidas”, explicou.

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A parceria do HATMO chega quando o paciente está precisando da ajuda, seja na residência, no Durval Paiva, na Policlínica ou no Varela Santiago. Os  voluntários, através de visitas hospitalares, visitas domiciliares e encontros semanais para a integração, levam não só apoio emocional, acolhimento e amor, mas também oferecem apoio logístico para o transplantado sobreviver, como ajuda com medicamentos essenciais, roupas adequadas, enxoval, cestas básicas, briNquedos  e outras necessidades como o transporte e até mesmo material de construção.

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Os pacientes encaminhados para  transplantes, por médicos ou assistentes sociais precisam ficar em um local de apoio. Na casa Durval Paiva tem 2 quartos para transplantados, a Casa Vida disponibiliza 6 lugares, porém a maioria fica em kitnets ou apartamentos. A HATMO, que começou fazendo campanhas de médula óssea, viu a necessidade de se montar uma ONG direcionada a pensar em lugares para os pacientes durante o tratamento em Natal, disponibilizando um apartamento em Ponta Negra e um kitnet na casa da irmã de Rosali, para as pessoas de baixo poder aquisitivo que moram no interior. O objetivo da HATMO é que o transplantado fique no acolhimento do lar para evitar também a separação da família. Muitas pessoas têm o apartamento mas não possuem veículos para a locomoção e, nesse caso, a instituição também se encarrega de providenciar o meio de transporte adequado entre o seu quadro de voluntários.

A HATMO possui  muitos voluntários que se dividem em voluntários da diretoria, voluntários só de jovens e voluntários para eventos, com o objetivo de incrementar ações de educação em saúde que venham esclarecer, sensibilizar diversos segmentos sociais da capital e do interior do Rio Grande do Norte, para participarem ativamente como mobilizadores e multiplicadores no processo de adesão da população à doação voluntária de medula óssea. O transplante de medula óssea é a única esperança de cura para portadores de aplasia medular, leucemias e alguns tipos de câncer. A doação é um gesto extremamente importante e solidário, que poderá representar a continuidade da vida para os pacientes.

De acordo com Rosali, é muito difícil encontrar um doador de medula compatível, mesmo na própria família. A mistura racial do Brasil é muito grande e isso dificulta ainda mais a procura pelo doador ideal. Portanto, a existência de um número cada vez maior de pessoas interessadas em doar facilita a busca por um tipo de medula compatível.  Se não existe doador compatível entre os familiares do paciente procura-se um doador compatível em um banco de medula óssea. O banco necessita de um número elevado de voluntários para aumentar a possibilidade de encontrar um doador compatível.

A chance de encontrarmos um doador compatível dentro de um banco de doadores voluntários está diretamente relacionada ao número de cadastros. Quanto mais doadores cadastrados maior a chance de encontrarmos a medula certa“, afirma Rosali. “Para que se realize um transplante de medula é necessário que haja uma total compatibilidade tecidual entre doador e receptor, Caso contrário a medula será rejeitada”, complementou.

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Paula Dantas, mãe de Nelson Dantas Neto, relata que no ano de 2007 seu filho foi diagnosticado com leucemia, precisando urgentemente de um doador compatível, o que naquele primeiro momento não foi possível encontrar. Desesperada decidiu engravidar na esperança de que com o nascimento do seu novo filho viesse a salvação de Nelsinho.

Paula lembra que buscou todos os caminhos para buscar a cura de Nelsinho, participando ativamente com o apoio da família de campanhas em busca de doadores compatíveis, em Natal e no interior do estado, conseguindo encontrar depois de muitas campanhas dois doadores compatíveis que se disponibilizaram para o transplante, porém o tratamento de quimioterapia surtiu o efeito esperado, curando Nelsinho que nos dias atuais vive em pleno gozo de sua saúde. ” Foi tudo uma batalha muito grande, que graças ao apoio e incentivo de Rosali e da HATMO me mantive com forças suficientes para conviver com o problema de saúde de Nelsinho. Não foi fácil ter que ouvir quase que diariamente notícias sobre o agravamento ou até mesmo o falecimentos de coleguinhas do meu filho, que se encontravam na mesma situação. Não consigo tirar da lembrança as fisionomias inocentes que muitas das vezes não compreendiam o que estava acontecendo. Hoje, graças a Deus vejo o meu filho bem de saúde mas como uma mãe que sofreu cada minuto, cada segundo com o tratamento do seu filho, não posso deixar de reconhecer a importância da HATMO, e da presença de Rosali na sua luta incansável de maneira solidária e voluntária  para salvar vidas de inocentes”,  reconheceu.

O transplante de Medula Óssea pode ser realizado por pessoas com idade entre 18 e 55 anos, em bom estado de saúde. Para se cadastrar para ser um possível  doador de medula óssea basta comparecer ao Hemonorte, levando carteira de identidade e o documento de Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).

Diariamente novos voluntários procuram  a HATMO querendo ajudar, entender e participar. Regularmente  novas equipes são treinadas e participam  de  palestras com médicos de todo o Brasil, inclusive vários voluntários já viajaram para vários Centros de Transplante de Medula Óssea do país para assimilar novas práticas e técnicas que possam aprimorar o trabalho da HATMO.

One response to “A HATMO COMBATENDO E VENCENDO O CÂNCER INFANTO JUVENIL NO RN

  1. E a luta continua. Ja 2 anos estamos vivendo cada dia pois so Deus em nossas vidas em seguida a HATMO com a tia ROSALI. Sem ela ficaria complicado pois alem de toda ajuda nos rechea com amor. Carinho. Dedicacao. Ser Hatmo e Otimo. Vamos que vamos.

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