JAMACI FAZ REFLEXÃO SOBRE ESPECULAÇÕES POLÍTICAS

Nesses tempos de decisão onde estão sendo discutidos os destinos partidários dos principais agentes que definirão as eleições de 2012, as especulações incansáveis acerca do “sobe e desce da ladeira da Olho D’água” ganham uma conotação maior do que deveriam ter. Ao ponto de esquecerem que existe de fato hoje em São José de Mipibu as vias alternativas e já apresentadas do PSOL, do PDT, etc…
E nesse contexto, vem a velha dicotomia da política estar presente e fazer-se ausente até que ponto isto é interessante? Quando aparecer? Quando sumir?
Estar presente e fazer-se ausente são procedimentos adotados no dia a dia de nossas vidas, tanto na esfera familiar, social, afetiva, profissional, e também, como é óbvio, na política. E por ser político, me deterei mais especificamente a este ponto. Qualquer um de nós já se lamentou por estar ausente numa oportunidade em que deveria ter estado presente, assim como, se arrependeu de estar presente numa ocasião em que melhor teria sido não ir.
A decisão de estar presente ou fazer-se ausente, pode provar ter sido uma escolha acertada ou errada. Em qualquer hipótese sabe-se “a posteriori”. É, portanto, uma decisão que sempre tem conseqüências. Estas observações valem para todas as situações antes citadas.
Numa relação afetiva, de conquista e sedução, fazer sentir a sua ausência às vezes é incomparavelmente mais eficiente do que do que estar mais uma vez presente. No mundo da política ainda que estar presente seja a regra, “administrar ausências”.
Nós como políticos, adquirimos uma profunda convicção de que precisamos estar sempre ocupando espaços, sob pena de um adversário vir a ocupá-los em nosso lugar. Por isso, buscamos sempre estar presentes às ocasiões que nos oferecem.
Também o fato de ser uma autoridade pública, no nosso caso Vereador, ou até mesmo aqueles que pretendem sê-lo, concorre para aumentar esta convicção da necessidade de estar presente, sempre que possível. Afinal, uma autoridade pública somente “sente-se autoridade” em público. Além disso, nossa presença é sempre requisitada, ou, pelo menos, esperada.
Não é errada esta percepção do político. A questão da visibilidade, e, como é óbvio, da presença, precisam ser encaradas de uma maneira mais cuidadosa. A presença do político, e a visibilidade que devemos desejar, obedecem a uma das Leis do Circo:
“O artista não muda seu número, ele muda é o público”.
É por esta razão que o circo é sempre itinerante, fazendo temporadas curtas em cada cidade que se instala. Enquanto o político estiver mudando seu público, então, não há restrição nenhuma a se fazer presente e produzir a sua visibilidade. Os problemas relativos à presença/ausência, ocorrem quando o público é o mesmo.
Nestas situações, chega um momento em que de maneira inevitável, o excesso de presença produz o efeito contrário: quanto mais você é visto e comentado, mais o seu valor se degrada. Você se transforma num hábito, numa certeza, numa óbvia presença.
Você torna-se totalmente previsível. Para quem o percebe desta forma, você passa a ser menos importante, fica no limite da banalidade, e deixa de ser uma atração: alguém cuja atenção agrega importância aqueles a quem ela se destina.
O fato é que, removidos o mistério e a imprevisibilidade, substituídos pela facilidade de acesso, perde-se o respeito, a autoridade, e a estima. Trata-se de uma dinâmica cruel. Para evitar esta dinâmica, precisamos aprender a administrar as nossas ausências, para valorizar-se, proteger nosso “mistério”, manter a distância e o respeito, necessários a preservação da nossa capacidade de surpreender. Uma regra básica da política e principalmente em Mipibu é que muito mais importante do que sua presença ser percebida, é a sua ausência não ser sentida. Por isso a importância de administrar bem as presenças e ausências.
Falar muito, falar sobre si, é ordinariamente percebido como um sinal de fraqueza que induz a familiaridade fácil, a desvalorização e o desrespeito. De um líder, de um verdadeiro líder espera-se reserva, discrição e mistério.
Para encerrar o texto vejam o que De Gaulle diz de forma lapidar:
“O homem que é movido por desejos ou por medo, é conduzido naturalmente para buscar alívio nas palavras. Se ele cede a tentação é porque, ao externalizar sua paixão ou seu terror, ele tenta lidar com eles. Falar é diluir o pensamento, é dar vazão ao ardor, em suma, a dissipar a força, enquanto que a ação exige a sua concentração.
O silêncio é a preliminar necessária para o ordenamento do pensamento. Os homens institivamente desconfiam de um líder que fala demais. O como tem gente falado demais em Mipibu, hein?.Mas este hábito sistemático de reserva, adotado pelo líder, produz pouco ou nenhum efeito, a menos que seja percebido como a forma pela qual ele oculta a sua firmeza e determinação. É precisamente do contraste entre poder interior e controle externo que a ascendência é reconhecida, assim como o estilo num jogador consiste na sua capacidade de mostrar mais frieza que o usual, quando aumenta a aposta, e a qualidade de um ator está em mostrar emoção, mantendo controle sobre si.
Assim, nessa hora fatal da montagens dos exércitos para as eleições de 2012, convém ponderação, analisar muito a história dos atores envolvidos, escolher o melhor caminho, ouvindo mais e falando menos.

 

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