Jucá nega ter sugerido deter avanço da Lava Jato e diz que segue no cargo enquanto Temer quiser

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Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

O ministro do Planejamento, Romero Jucá, negou nesta segunda-feira que tenha sugerido um pacto para deter o avanço da operação Lava Jato em conversa gravada de forma oculta com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, e disse que vai continuar no cargo enquanto entender que tem a confiança do presidente interino Michel Temer.

“O que tenho dito é que é muito importante estancar a paralisia do Brasil, estancar a sangria da economia e do desemprego e também delimitar quem tem culpa e quem não tem culpa”, disse o senador licenciado em referência ao conteúdo da conversa que teve com Machado, revelada nesta segunda pelo jornal Folha de S.Paulo.

“Não tenho nada a temer, não devo nada a ninguém”, acrescentou o ministro em entrevista coletiva.

Reportagem da Folha de S.Paulo desta segunda-feira revelou conversa gravada entre Jucá e Machado, ambos investigados pela Lava Jato, em que o atual ministro sugere que uma troca no governo federal resultaria em pacto para frear os avanços da Lava Jato.

Em um dos trechos da conversa, Jucá diz ao interlocutor: “Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, em resposta à preocupação expressada por Machado de que sua investigação na Lava Jato saísse do Supremo Tribunal Federal (STF) e fosse parar nas mãos do juiz federal do Paraná Sérgio Moro, segundo o jornal.

Jucá, um dos nomes mais próximos a Temer e presidente em exercício do PMDB, afirmou que a interpretação da conversa dada pela Folha foi equivocada, e defendeu que haja uma aceleração da investigação da Lava Jato.

“Ninguém em sã consciência pode achar que pode haver tentativa de barrar a Lava Jato”, disse.

Segundo o ministro, a conversa com Machado, que é ligado ao PMDB, aconteceu pessoalmente e só os dois estavam presentes no momento. Machado presidiu a Transpetro de 2003 a 2015 e deixou o cargo após denúncias de suposto envolvimento em esquema de corrupção relacionado à Petrobras.

Jucá afirmou ainda que se sente totalmente em condições de permanecer no governo, lembrando que vai seguir trabalhando junto ao Congresso Nacional para a aprovação da nova meta de déficit fiscal.

O ministro avaliou que a revelação do áudio não deve atrapalhar a votação da nova meta fiscal proposta para este ano, que prevê um rombo histórico de 170,5 bilhões de reais para o resultado primário do governo central, formado por governo federal, Previdência e Banco Central.

“Essa divulgação da conversa por não ter nenhum fundo de realidade, é claro, faz uma onda, (mas) não tem consequência pratica nenhuma na votação”, disse. O ministro afirmou que a proposta de alteração do objetivo fiscal será apresentada ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), às 16h desta segunda, por ele e por Temer.

“Há previsão de se votar amanhã. É prioridade do Brasil”, disse.

Do Reuters

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