Fotos: Ilma Emerenciano
A tecnologia presente no século passado permitia que mentes preparadas por meio de formação acadêmica adentrassem no universo da transformação social, descortinando ideias inovadoras absorvidas pelos meios de produção. Essa tecnologia inicialmente surgiu aparelhando as grandes potências mundiais e empresas detentoras de grande capital. A sociedade se beneficiava dessas tecnologias por meio das ações desencadeadas por esses setores, permitindo que o acesso chegasse inicialmente às classes sociais mais abastadas, tendo como exemplo a aquisição de aparelhos de televisão e os primeiros computadores.
A presença de tecnologias na Guerra Fria, que teve seu início com o fim da II Guerra Mundial, em 1945, e a extinção da União Soviética, em 1991, onde foram colocadas em prática estratégias e novas ferramentas letais nos conflitos indiretos envolvendo os Estados Unidos e a União Soviética, na disputa pela supremacia política, econômica e militar mundial, fomentou a indústria cinematográfica com o surgimento de filmes e seriados utilizando cada vez mais novas tecnologias para retratar a guerra fria, a exemplo dos filmes do agente americano 007, que tinha a missão de proteger os Estados Unidos da ameaça soviética por meio de aparelhos criados a partir de tecnologias avançadas e até então desconhecidas e de difícil acesso.
A partir do século XXI esse conhecimento inovador passou a ser acessível às pessoas de todas as classes sociais, que se utilizando cada vez mais de novas tecnologias e informações protagonizam feitos que a cada dia facilitam a vida em sociedade com desenvolvimento rápido nos setores produtivos de bens e de serviços, conforme destacou a filósofa e poetisa Viviane Mosé, durante a abertura do XVIII Congresso Científico e Mostra de Extensão, com o tema “Avanços Tecnológicos e Cidadania: como construir perspectivas éticas para novos tempos”, que aconteceu na noite da quarta-feira, dia 05, no espaço de eventos Boulevard, em Natal, promovido pela Universidade Potiguar – UNP.
Para Viviane Mosé a mudança de espaço e de tempo, essa mudança do atual e do virtual é um presente que a humanidade recebeu. “A comunicação na internet não tem começo, não tem meio e fim, esse poder de transformação imediata está acessível hoje a qualquer pessoa em qualquer lugar, basta que alguém desperte o interesse, diferente da técnica utilizada no século XX, acessível apenas para quem detinha conhecimentos acadêmicos e científicos.
Os avanços tecnológicos hoje podem garantir a cidadania, tecnologia é um meio, é uma ferramenta que nos leva a lugares que nunca sonhamos ir. Com a ferramenta tecnológica que dispomos podemos sem a necessidade da pirâmide hierárquica reunir milhões de pessoas em torno de uma ideia ou de um objetivo. Os últimos movimentos sociais no Brasil surgiram de um chamamento da sociedade sem a necessidade da determinação de um líder político ou de representação classista, as plataformas digitais são instrumentos de poder, esse poder que pode transformar o comportamento de uma sociedade, pode ao mesmo tempo ceifar vidas. O problema não está na tecnologia, o problema está na maneira que utilizamos a tecnologia, esse é o nosso maior desafio. Hoje os jovens têm a capacidade de produzir aplicativos no fundo do quintal, sem que esses jovens recebam orientações nos bancos das universidades, basta que eles tenham nas mãos essas ferramentas que são acessíveis a todos. Atualmente a classe popular domina as redes sociais com milhares de curtidas e compartilhamentos sobre temas que não são científicos ou resultado de apurações, tudo isso acontece graças a força da presença das novas tecnologias nos espaços cada vez mais populares”, destacou Viviane.
A tecnologia de ponta utilizada nos dias atuais têm permitido ao homem contemporâneo produzir novos conteúdos por meios de aplicativos e plataformas digitais capazes de revolucionar a maneira de levar informação, quebrando paradigmas presentes nos veículos de comunicação de massa, a exemplo do que destacou o jornalista do Novo Jornal, Everton Dantas, durante palestra proferida sobre “Os avanços tecnológicos e as mudanças no fazer comunicacional”, promovido pela UNP, por ocasião da realização do XVIII Congresso Científico.
De acordo com Everton o surgimento das novas tecnologias possibilita a produção de notícia de maneira compartilhada, envolvendo em tempo real a estrutura técnica de uma redação e o público consumidor da informação. Essa possibilidade que quebra paradigmas no jornalismo é possível em virtude da comunicação aberta e interativa por meio das novas plataformas digitais e o surgimento de aplicativos e ferramentas cada vez mais inovadoras. “ Hoje não temos a necessidade de utilizar pesados equipamentos e o deslocamento de uma equipe para cumprir uma pauta, com um celular na mão e a utilização de aplicativos podemos fazer toda a diferença em tempo real”, destacou.
Em face a esses avanços tão significativos para a humanidade é possível assegurar que discutir cidadania e tecnologia é importante na atualidade, tendo em vista a necessidade de se consolidar o verdadeiro significado de ser cidadão de direitos e deveres num mundo globalizado e detentor de formas de comunicação, expressão e linguagens distintas e inovadoras a cada momento.
