Foto: Acervo pessoal / Monique Lorosa estava em bloco na Tijuca
Foram 17 tiros no carro e apenas alguns arranhões pelo corpo. A administradora Monique Lorosa e a turismóloga Jade Burmeister voltavam de um bloco. na Gávea, Zona Sul do Rio, quando se viram no meio da linha dos disparos entre bandidos e policiais militares. Os criminosos fugiam em três carros roubados e abriram fogo contra os agentes em uma perseguição policial que deixou um garçom morto e feriu dois PMs e uma passageira de Uber.
Ainda abalada, Monique conta que decidiu deixar a folia com a amiga por volta de 21h e, já dentro do carro, ouviu o barulho da perseguição na Rua Conde de Bonfim. Os bandidos dispararam na direção do veículo e da calçada lotada do Bar Pinto, na qual o garçom Samuel Ferreira Coelho, de 24 anos, foi atingido no peito e não resistiu. As amigas ainda ficaram cinco minutos dentro do carro, mas resolveram sair à procura de abrigo.
Foto: Acervo pessoal / Carro tem marcas de tiros de fuzil
— Os tiros começaram do nada. Foram muitos, nunca vi coisa igual. Só no nosso carro, foram 17 tiros, alguns de fuzil. Eu não sei como a gente está viva. Ela (Jade) me disse: ‘Amiga, acho que fui baleada’. Então eu abri a porta do carro e saí puxando ela. Eram os estilhaços em cima da gente. Um tiro de fuzil atravessou o vidro na altura das nossas cabeças. Caiu um policial baleado do meu lado, não consegui puxar ele — recorda Monique, de 35 anos, com a voz embargada.
O carro ficou lotado de marcas de tiros e teve vidros quebrados. Na tensão do tiroteio, a administradora lembra de ver “flashes” de armas e muitas pessoas no chão, feridas ou escondidas dos tiros. Diante de tantos disparos e a localização do carro, Monique só consegue encontrar uma justificativa para as duas saírem ilesas: estavam fantasiadas de super-heroínas.
— Não tem explicação, senão a gente não iria sobreviver. Foi o universo que conspirou para a gente estar viva. Ela estava de Mulher Maravilha e eu de Supergirl. Todos estão comentando que fomos salvas pela fantasia! Uma brincadeira carinhosa — destacou a tijucana, que ficou com arranhões pelo corpo, causados pelos estilhaços.
Ao saírem do carro, Monique e Jade, de 33 anos, foram socorridas por uma moradora. Mesmo sem nunca tê-las visto, a senhora levou as duas para a sua casa. Acalmou e cuidou delas até a chegada dos amigos, que ficaram responsáveis por falar com a polícia, ajudar na contagem de tiros. Elas estavam no bloco com cerca de dez pessoas, mas haviam resolvido ir embora sozinhas mais cedo que o resto dos colegas.