EX-PRESIDENTE DO INEP DIZ QUE VÉLEZ NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA COMANDAR O MEC

Depois do recuo na decisão de não avaliar o nível de alfabetização das crianças aos 7 anos, o imbróglio na educação ganhou mais um capítulo: a demissão do presidente do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues. O ministro da Educação, Ricardo Vélez, assinou a exoneração de Rodrigues após a repercussão negativa da portaria sobre as novas regras do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Embora o Saeb tenha sido a gota d’água, Rodrigues tem afirmado à imprensa que a relação com o ministro não era boa faz tempo. “A minha demissão é um processo de crise que já vem desde o início, a partir do momento em que eu não aceitei as indicações do ministro com caráter ideológico para ocupar diretorias (do Inep). Acho que foi exatamente neste momento que o processo de distanciamento teve início. O ministro me fez várias indicações de profissionais que tinham uma postura ideológica não adequada para a gestão. E eu entendi que isso não seria adequado para a Educação do Brasil”, disse ao jornal O Globo.

O ex-presidente do Inep colocou em xeque a versão do ministro, que teria alegado desconhecimento sobre a portaria. Segundo Rodrigues, ele recebeu formalmente a orientação do secretário de Alfabetização do ministério, Carlos Nadalim, de que não era para avaliar o nível de alfabetização.

“Eu não posso dizer que ele não sabia. Mas o secretário de Alfabetização é provavelmente o colaborador mais próximo do ministro hoje. Os dois moravam na mesma cidade, são grandes amigos. Acho que dificilmente o Nadalim não tenha informado ao ministro sobre uma coisa tão importante. Mesmo porque o Nadalim não foi punido. Se o Nadalim tivesse traído o ministro, provavelmente seria exonerado”, acrescentou ao jornal O Globo.

Desabafo

Tanto ao jornal O Globo quanto ao Estadão e ao G1, o ex-presidente do Inep fez um desabafo sobre a competência de Vélez. Embora o tenha considerado “uma pessoa do bem”, afirmou que o atual titular da Educação é “gerencialmente incompetente” e “não tem controle emocional” para ocupar o cargo.

“O Brasil precisa de um ministro da Educação que tenha responsabilidade de gestão, competência e experiência”, disse ao Estadão.

Rodrigues é ligado à ala militar do governo. A expectativa é que o general Francisco Mamede de Brito Filho, que atuou como chefe do Estado Maior do Comando Militar do Nordeste, seja o próximo presidente do órgão.

A portaria sobre a avaliação da alfabetização gerou outra baixa na pasta. No dia 25, Tania Leme de Almeida pediu demissão do cargo de secretária de Educação Básica do ministério.

Desde o início do governo, Veléz não acertou sua equipe no primeiro escalão da pasta. Em meados de março, o ministro demitiu seu número 2, Luiz Antônio Tozi. Chegou a indicar 2 nomes para o cargo, mas nenhum deles assumiu o posto.

Fonte: HuffPost Brasil

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Topo