FIART CHRYSLER FAZ PROPOSTA DE FUSÃO À RENAULT

Foto: Antonio Calanani/AP

As coisas andam esquisitas na Aliança Renault-Nissan desde a prisão de Carlos Ghosn. O terceiro maior produtor de carros do mundo, com 10.346.982 unidades vendidas em 2018, ainda não se decidiu sobre a estrutura que terá. Em outras palavras, a Renault tenta convencer os japoneses da Nissan a aceitar uma fusão e a unir esforços sob uma estrutura empresarial que faça mais sentido, mas tem encontrado resistências.

De olho nisso, a FCA (Fiat Chrysler Automóveis) fez à Renault uma proposta quase irrecusável: uma fusão em que cada uma das empresas compra 50% das ações da outra para a criação de um gigante automotivo. Se o negócio for concretizado e a Nissan não abandonar o barco, teríamos uma empresa capaz de vender cerca de 15 milhões de carros por ano. A atual campeão, o grupo Volkswagen, chegou a 10.810.349 unidades no ano passado.

O negócio foi reportado pela primeira vez pelo jornal britânico Financial Times em 25 de maio. Segundo o jornal, a Nissan ainda não teria sido envolvida na conversa, mas deverá ser. Por um motivo simples: parte da revolta da Nissan com a Aliança é que ela se considera uma empresa muito maior do que a Renault para receber ordens de executivos franceses. Como é grande nos EUA, a Nissan acha que não há equilíbrio no comando da Aliança. Uma Renault mais forte, com a FCA por trás, teria mais poder de barganha com a Nissan, o que deixaria a coisa toda restrita a orgulhos nacionais. Que ainda têm um peso alto em toda a questão, diga-se de passagem: fala-se que o governo japonês considera um ultraje entregar uma das joias de sua indústria a comando estrangeiro.

O que antes era apenas rumor dos bastidores foi oficialmente confirmado nesta segunda pela Renault, que emitiu o seguinte comunicado: “O Grupo Renault confirma que recebeu uma proposta da FCA (Fiat Chrysler Automóveis) com relação a uma potencial transação de fusão 50/50 entre o Grupo Renault e a FCA. O conselho de diretores da Renault se encontrará nesta manhã para discutir a proposta”. No meio empresarial, esse é um “o gato subiu no telhado” dos mais significativos. Normalmente, o que se segue a um rumor destes é uma negativa enfática de qualquer possibilidade de venda ou fusão, como aconteceu recentemente com a PSA e com a Jaguar Land Rover, que a primeira teria pretensões de comprar. A Tata, dona da JLR, disse que suas marcas não estavam à venda.

Consolidação

O finado Sergio Marchionne sonhava em conseguir um acordo com outra fabricante que lhe permitisse fabricar mais de 6 milhões de carros por ano. Seu sucessor, Mike Manley, mostra com isso que segue a ideia de seu mentor e também pretende dar à FCA uma posição mais estável no concorrido mercado automotivo. Empresas que fabricam mais carros têm mais poder de barganha com fornecedores, ficam menos sujeitas a crises locais de mercado, como a da Argentina, por exemplo, e conseguem economias de escala com sua própria produção que melhoram seus resultados como um todo. A Renault e a FCA sabem bem disso. Ao que tudo indica, teremos em breve um fabricante que desbancará Volkswagen e Toyota com uma folga de mais de 50%. Se a Nissan não resolver que está muito melhor sozinha, o que, no mundo corporativo atual, seria de uma miopia inacreditável.

E o Brasil?

Se as implicações mundiais de um negócio como este são de alta magnitude, o mesmo se pode dizer do mercado brasileiro, em que a FCA é a segunda colocada, com 17,51% do mercado, segundo a Fenabrave (juntando as vendas da Fiat, com 13,18%, e da Jeep, com 4,33%). Vale lembrar que a Fiat perdeu muito espaço e anunciou recentemente investimentos de R$ 8,5 bilhões para inverter essa tendência de queda. A Renault tem a quinta colocação, com 8,7%. Juntando as duas, surgiria uma empresa que, de cara, teria 26,21% do mercado nacional. E que, dentro de no máximo 4 anos, já teriam economias de escala muito relevantes também no Brasil. Tanto a Renault quanto a FCA têm uma série de lançamentos já programados para os próximos anos, especialmente de SUVs, que são os modelos com maior crescimento de demanda, o que tende a tornar uma fusão das empresas em algo ainda mais positivo do que os números atuais permitem supor.

Fonte: AutoCar Brasil

 

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