NARDONI, CRAVINHOS E MAIS PRESOS ‘FAMOSOS’ DEIXAM JUNTOS PRISÃO PARA AUDIÊNCIA

Alexandre Nardoni, Mizael Bispo de Souza, Gil Rugai, Cristian Cravinhos, Guillherme Longo e Lindenberg Alves em sala no fórum de São José — Foto: Arquivo pessoal

Os detentos Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Gil Rugai, Lindenberg Alves, Mizael Bispo de Souza Guilherme Longo, condenados por crimes graves de grande repercussão, presos na P2 em Tremembé (SP), deixaram juntos o presídio na tarde desta quarta-feira (26) para participarem de um procedimento para apurar uma suposta falta do preso Acir Filló, ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos (SP). O político é autor do livro “Diário de Tremembé – O presídio dos famosos”, que está sendo contestado.  

A obra, cuja venda começou no último dia 1º em plataformas na internet, por R$ 59,90, foi submetida a averiguação. A juíza Sueli Zeraik abriu um procedimento interno na Vara de Execuções Criminais (VEC) para apurar possíveis irregularidades – o documento do trâmite não é público.

Ao menos três dos “presos famosos”, cujos supostos relatos e a rotina na penitenciária são revelados no livro do ex-prefeito, estariam contestando a publicação. Antes, os detentos queriam, segundo a advogada de um deles, prestar queixa na delegacia de Tremembé contra o material, mas desistiram.

Um dos problemas seria a falta de autorização prévia do uso de imagem, o que pode resultar em um pedido de indenização por danos morais e uso indevido de imagem.

A defesa de Acir Filló, Monica Rinaldo, não comentou o assunto. A editora Editora Nova Brasil Esperança, responsável pela publicação, informou que não foi notificada até o momento sobre qualquer eventual irregularidade. O livro tem mais de 350 páginas.

Oito detentos participam da audiência no juízo do Departamento de Execuções Criminais (Decrim) em São José dos Campos (SP). Eles chegaram ao fórum, onde fica o setor, em duas viaturas da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) por volta das 14h.

Alexandre Nardoni fez o trajeto de cerca de 60 quilômetros, entre Tremembé e São José, separado dos demais por cumprir pena em outro regime prisional, o semiaberto.  eito, que não teria autorização para publicar o livro com informações sobre a unidade e os internos. O encontro entre as partes terminou às 18h.

A Secretaria da Administração Penitenciária disse por e-mail, apenas, que cumpriu a decisão judicial de levar os presos ao fórum. Após o fim da audiência, a juíza Sueli Zeraik saiu sem comentar o assunto. Ela foi procurada por telefone e não quis dar entrevista.

O promotor Luiz Marcelo Negrini, que acompanhou o procedimento no fórum, afirmou que Acir disse na audiência que a direção da P2 tinha conhecimento implícito sobre o fato de que ele escrevia o livro.

“Ele disse [à juíza] que era do conhecimento de todos que ele escrevia esse livro. Sobre os sentenciados, Acir afirmou que todos sabiam e deram entrevistas positivas, mas alguns dos ouvidos na data de hoje, negaram. Dizem que não havia autorização e não concordaram, que não autorizaram essa publicação”, disse. O primeiro a representar contra a obra foi o detento Guilherme Longo.

Livro está à venda em plataformas digitais por R$ 59,90 e gerou conflito entre os detentos — Foto: Reprodução

Depoimentos

No livro, Acir traz declarações, que atribui aos presos, sobre os crimes que eles são acusados de terem cometido. O autor traz informações por meio de testemunho e também material que diz ter sido obtido por meio de entrevistas.

Alexandre Nardoni, condenado a 30 anos e dois meses de prisão pela morte da filha Isabella, em 2008, é um dos “personagens” da obra. A rotina dele e supostas declarações como “eu não matei minha filha” – crime que sempre negou – são reportadas no livro por Acir. O advogado de Nardoni, Roberto Podval, não quis comentar o assunto.

Um outro depoimento, atribuído a Cristian Cravinhos, condenado pela morte dos pais de Suzane von Richtofen, faz referência à detenta. “Depois que o casal Richthofen foi atacado, a Suzane foi ao quarto deles e desferiu golpes”. O casal morreu em 2002, a pauladas, enquanto dormia. Cristian, o irmão Daniel e a filha do casal foram condenados em um dos crimes de maior repercussão no país. Mônia Maria Silva, defensora de Cristian, foi procurada para comentar a audiência, mas não quis dar entrevista.

Do G1/ Vale da Paraíba e Região/Vanguarda

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