Huang Qi, em foto tirada pouco antes de sua prisão, em 2016 Foto: FRED DUFOUR / AFP/29-07-2019
Huang Qi é fundador de um site que divulga notícias sobre violações aos direitos humanos, corrupção e protestos contra o governo
Considerado o primeiro ciberdissidente da China, Huang Qi , criador de um portal de notícias que aborda temas considerados polêmicos no país, como os direitos humanos, foi condenado nesta segunda-feira a 12 anos de prisão por vazar segredos de Estado.
Segundo o Tribunal de Mianyang, no sudeste da China, Huang, de 56 anos, foi considerado culpado de “filtrar segredos de Estado e fornecê-los a entidades estrangeiras”.Segundo a Justiça chinesa, o “ciberdissidente” ficará privado de seus direitos políticos por quatro anos.
Na mira das autoridades desde o ano 2000, o homem é fundador do site 64 Tianwang , portal criado em 1998 para ajudar familiares e amigos de pessoas desaparecidas que, com o tempo, passou a divulgar notícias sobre violações aos direitos humanos, corrupção e protestos contra o governo chinês.
O 64 no título do site, cujo acesso é bloqueado na China, faz menção ao código pelo qual os chineses se referem ao Massacre na Praça da Paz Celestial , que completou 30 anos no último dia 4 de junho.
O dissidente está preso desde 2016, pouco após receber o prêmio Repórteres sem Fronteiras (RSF)-TV5 Le Monde de Liberdade de Imprensa . Huang tem problemas cardíacos, nos rins e pressão alta. Seu frágil estado de saúde faz com que defensores dos direitos humanos questionem as consequências do encarceramento.
— Esta decisão é equivalente a uma sentença de morte, considerando que as condições de saúde de Huang Qi já deterioraram após uma década de confinamento — disse o secretário-geral dos Repórteres sem Fronteira, Christophe Deloire, à BBC.
Por: oglobo.globo.com