PORTA-VOZ: BOLSONARO NÃO TEM DÚVIDAS DE CRIME DE GREENWALD

O presidente Jair Bolsonaro não tem dúvidas de que o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, cometeu um crime, disse nesta segunda-feira o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, mas sem conseguir especificar qual seria o crime.

Diante da insistência dos repórteres presentes no briefing para que dissesse qual seria o crime do jornalista, o porta-voz demonstrou irritação e tentou mudar de assunto. Sem conseguir, repetiu as falas de Bolsonaro na manhã desta segunda, em que ele disse que a invasão de telefones pelos hackers “é crime, ponto final”.

Questionado ainda se o presidente havia tido acesso a provas que mostrariam o envolvimento de Greenwald no hackeamento de celulares, Rêgo Barros afirmou que o presidente não lhe adiantou “se tem qualquer prova de que o jornalista cometeu crime”.

Interrogado pela Polícia Federal, o hacker Walter Delgatti confirmou ter sido a fonte dos diálogos de procuradores da Lava Jato e do ministro da Justiça, Sergio Moro — então juiz federal — repassados a Greenwald. Delgatti disse à PF não ter recebido nenhum pagamento pelas informações e nem ter se identificado ao jornalista.

Pela manhã, Bolsonaro afirmou que Greenwald não poderia “se escudar” em ser jornalista.

“Jornalista tem que fazer seu trabalho. Preservar o sigilo da fonte, tudo bem. Agora, uma origem criminosa, o cara quer preservar um crime, invadindo a República, desgastando o nome do Brasil”, disse o presidente.

Até agora a PF não teria indícios de que o hackeamento tenha sido encomendado. A publicação de informações pela imprensa, mesmo que fruto de um crime, não é considerada criminosa.

De acordo com a Constituição, “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.

No final de semana, o presidente chegou a dizer que Greenwald poderia “pegar uma cana” no Brasil pelo envolvimento do caso. A fala de Bolsonaro foi considerada uma ameaça à liberdade de imprensa por instituições nacionais e criticada por órgãos internacionais.

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