Polícia Civil montou uma megaoperação na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão Foto: Vera Araújo
Policiais da DH (Delegacia de Homicídios) da Capital começaram a reconstituição da morte da menina Àgatha Félix. Os agentes se posicionaram próximo a Kombi onde a menina foi baleada, no Largo da Birosca, no Complexo do Alemão. Três carros blindados estão posicionados em cada rua, deixando o cruzamento livre para a perícia. Todos os veículos de moradores e de transporte alternativo foram proibidos de transitar pelo local.
A reconstituição começou às 18h35 desta terça-feira. O diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), Antônio Ricardo Nunes, havia informado que a ação se iniciaria quando ”as condições de visibilidade fossem parecidas com as do dia em que a menina foi atingida”. A menina foi baleada no dia 20, numa sexta-feira movimentada, por volta das 21h.
Antônio Ricardo espera que com a ação desta terça-feira seja possível identificar o autor do disparo que atingiu Ágatha:
— Temos um perito que é expert em reprodução simulada. É provável que iremos chegar hoje a quem atirou. Queremos confrontar os depoimentos prestados na delegacia. Sabemos que tem um poste que apresenta sinais de disparos de arma de fogo. Há hipótese de o projétil ter batido nele (poste) e resvalado na menina.
As ruas estão isoladas com faixas de interdição. Os moradores só passam pelo local a pé. O motorista da Kombi ainda não chegou no Largo da Birosca para a reconstituição. A mãe de Ághata, Vanessa Félix, não participará da ação, segundo informou a Polícia Civil. Pelo local, passam crianças que estão saindo das escolas das imediações. As pessoas sobem a Rua Antônio Austraugesilo, a pé.
O advogado Rodrigo Mondego, membro da comissão de Direitos Humanos da OAB, justificou a ausência de Vanessa, mãe de Ágatha:
– Vanessa passou mal. Ela não teve condições de participar,pois está com pressão alta. A gente acredita que o caso será solucionado.]
Policiais militares não vão participar de reconstituição
Os 11 policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que estavam próximos do local onde Ághata foi baleada não irão participar da reconstituição — oito PMs que estavam na favela Fazendinha e três da Nova Brasília que auxiliaram no Socorro. O diretor do Departamento Geral de Homicidios e Proteção à Pessoa (DGHPP), Antônio Ricardo Nunes, recebeu a informação antes do início da reprodução simulada. A defesa dos PMs alegou que eles não podem produzir provas contra si mesmo.
– Eles (PMs) não participarão da simulação. Vamos fazer com as testemunhas que temos. A mãe também não vai comparecer. No caso dos policiais, foi uma decisão própria deles e nós, independente disso, faremos à reprodução – disse Antônio Ricardo. Ele afirmou que há marcas de tiros num poste no local, que a perícia está analisando.
Sobre o fato de os PMs terem se recusado a participar da simulação, Mondego disse que eles estão no direito deles de não produzir provas contra si mesmo.
— Nós vamos fazer o laudo. A ausência dos PMs não irá interferir no resultado — concluiu Antônio Ricardo.
Para garantir a segurança durante a reconstituição, a Polícia Civil montou uma megaoperação na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. A localidade, é classificada muito perigosa e os criminosos que controlam a região poderiam colocar a vida dos policiais e de terceiros em risco. Para dar segurança à perícia, policiais da Coordenadoria De Operações Especiais (Core) cuidam do entorno.
Foto: Reprodução