DE OLHO EM 2022, LULA PREPARA VIAGEM AO NORDESTE E BUSCA APARAR ARESTAS COM O PSB; RN ESTÁ NA AGENDA

Foto: Edilson Dantas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia na próxima semana uma viagem por seis estados do Nordeste em que terá como um dos objetivos aparar arestas com o PSB, partido visto como provável aliado na disputa presidencial do ano que vem. O primeiro compromisso do petista, após desembarcar na região, será um encontro com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).

Há expectativa de que Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos, o seu filho João Campos, prefeito de Recife, e o Geraldo Júlio, provável candidato do PSB ao governo de Pernambuco no ano que vem, possam estar no encontro no dia 15, no Palácio Campo das Princesas, sede do governo local.

Câmara faz parte da ala do PSB favorável a uma aliança com Lula. Já Campos e Júlio têm dado declarações a favor da construção de uma terceira via na disputa pelo Planalto. Com a maioria dos postos na direção, o PSB de Pernambuco é decisivo para definir os rumos da sigla nacionalmente.

Na eleição municipal do ano passado, Campos travou uma disputa agressiva no segundo turno com a sua prima Marília Arraes (PT). A campanha foi marcada por ataques ao legado de Eduardo Campos de um lado e exploração do sentimento anti-petista de outro.

Quando vai a Recife, Lula costuma visitar a família Campos. O ex-presidente tinha amizade estreita com Eduardo, que foi ministro em seu governo.

Apesar de lideranças do PT e do PSB avaliarem que ainda é cedo para bater o martelo sobre 2022, um reencontro de Lula com João Campos e Renata poderia ser o primeiro passo para tentar curar as cicatrizes deixadas pela eleição municipal de Recife.

Outrora vista como uma figura proeminente no PT, Marília perdeu prestígio dentro do partido desde que decidiu se aliar a Arthur Lira (PP-AL) para se eleger segunda secretária da Câmara, em fevereiro. A perda de prestígio de Marília deve facilitar o armistício local entre as siglas.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, tem dito que o apoio do PSB na eleição presidencial tem que estar condicionado à adesão aos candidatos do partido nos estados. A eleição de Pernambuco é considerada prioritária pelo PSB, por isso o PT teria que se aliar a Geraldo Júlio.

Preocupação com imagem

Os petistas querem evitar que a viagem de Lula tenha caráter eleitoral com foco principal na costura de palanques para 2022. Parlamentares envolvidos na organização da agenda dizem que o ex-presidente irá ao Nordeste para mostrar o seu legado com foco em três pontos: desenvolvimento regional, Bolsa Família e impacto local da pandemia da Covid-19.

Além de Pernambuco, o ex-presidente também visitará Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão.

Os palanques de Lula nesses estados, com exceção do Ceará, estão definidos. Na disputa baiana, o senador Jaques Wagner deve tentar manter os 16 anos de domínio do PT; no Rio Grande do Norte, a atual governadora Fátima Bezerra é candidata à reeleição; no Piauí, Rafael Fontes (PT), atual secretário de Fazenda deve concorrer; e no Maranhão, os petistas mostram disposição de embarcar na candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), que abriria espaço em seu palanque para Lula e Ciro Gomes.

A situação é mais complicada no Ceará. O governador Camilo Santana (PT) não pode disputar uma nova eleição e o PDT, que dá sustentação ao seu governo, deve lançar candidato. Com os ataques que Ciro tem feito a Lula, não haveria clima para um pedetista ter Lula como aliado na terra do pedetista.

O Globo

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