SÓ VOLTO PARA O BRASIL QUANDO BOLSONARO ESTIVER DERROTADO, DIZ JEAN WYLLYS

Foto: Reprodução

Exilado fora do país desde 2019, o ativista e ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) disse hoje que só considera voltar para o Brasil quando o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estiver “derrotado de vez”. “Não há segurança para mim ou para minha família”, afirmou ele ao participar do UOL Entrevista, conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral e pelos colunistas Leonardo Sakamoto e Maria Carolina Trevisan.

”Embora esteja naufragando, o governo ainda tem uma base radicalizada, então é capaz de fazer muita coisa. Volto quando vencermos de vez essas forças políticas de destruição que emergiram com força em 2018,” diz Wyllys.

Eleito por três vezes consecutivas como deputado federal nas eleições de 2018, ainda pelo PSOL, Wyllys renunciou ao mandato em janeiro de 2019. Ele anunciou que estava no exterior e que permaneceria fora do país por estar sofrendo ameaças de morte.

Conhecido por sua militância em causas da comunidade LGBTQIA+ e também pelos direitos humanos, o ex-deputado afirmou ter sido vítima, nas eleições de 2018, de um processo programado de disseminação de informações falsas.

“A desinformação programada é um novo modelo de desinformação política abraçado pela extrema-direita em todo mundo. No Brasil, fui a cobaia da desinformação política e construção do inimigo público”, afirmou.

Foi nesse processo que, segundo Wyllys, a “empatia” e a “identificação” do Brasil com a sua figura, construídos tanto pela sua vitória no “BBB” (“Big Brother Brasil”) em 2005 como pelas ações executadas em seus mandatos como deputado, acabaram drenadas.

Na entrevista, o ex-deputado relembrou o episódio em que cuspiu no então deputado e agora presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a votação pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. Ele disse que paga “um preço altíssimo” pela reação até hoje, mas que não se arrepende e afirma que faria de novo.

”Claro que faria novamente naquelas circunstâncias. Esse gesto ganha significado maior e é mais compreendido hoje do que naquele momento. Só lembro que cometi esse ato porque tem imagens, entrei em um tipo de transe.”

Para Jean, o processo que retirou Dilma da presidência foi um “espetáculo para humilhar uma mulher” e a noite da votação final foi um episódio “grotesco”. “Não bastava humilhar publicamente e tirar o mandato eleito pelo povo, mas [o voto de Bolsonaro] implicava em reacender traumas terríveis dela, uma pessoa que nunca foi torturada pode nem ter ideia do que é isso e dessas feridas dentro de nós”, disse.

UOL

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Topo