“QUEM DECRETA IMPEACHMENT NÃO É O CONGRESSO NACIONAL, É O POVO NA RUA”, DIZ MICHEL TEMER SOBRE AFASTAMENTO DE PRESIDENTES

Ex-presidente da república Michel Temer (MDB) Foto: Agência Brasil

O ex-presidente Michel Temer (MDB) avalia que não seria conveniente iniciar neste momento um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele ressalta que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid pode concluir que o presidente teve “incúria” no combate à covid-19, o que eventualmente pode levar o Ministério Público a pedir o afastamento de Bolsonaro. Entretanto, Temer acredita que o momento não é o ideal para este processo.

“Se você me perguntasse um ano atrás, eu diria que talvez fosse o caso de começar um impedimento. Nesse momento, eu não acho adequado”, disse ele, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira, 27. Segundo Temer, o processo de impedimento é “traumático” e, com o mandato de Bolsonaro já em estágio adiantado, esse efeito se ampliaria.

Temer disse que o impeachment, por passar pelo Congresso, é um processo mais político do que jurídico e que, por isso, não consegue avaliar se Bolsonaro cometeu ou não crimes. “Não há condições para avaliar sobre o foco jurídico, porque o foco é sempre político”, afirmou.

O ex-presidente ressaltou ainda que processos de afastamento de presidentes dependem de mobilização popular, o que aconteceu no caso da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas não no caso dele. “No tocante à senhora ex-presidente, houve as tais pedaladas, e convenhamos, havia muito povo na rua. E se me permite, quem decreta impeachment não é o Congresso Nacional, é o povo na rua. Eu sofri duas tentativas de impedimento. Por que não deu certo? Porque não havia povo na rua”, disse.

Segundo Temer, a CPI da Covid pode apurar responsabilidades do presidente em relação às mortes causadas pela pandemia no Brasil, e que o Ministério Público, de posse dessas informações, pode pedir o afastamento de Bolsonaro. Os pedidos que estão na Câmara, segundo ele, não devem prosperar porque já estão há tempos esperando análise.

O emedebista, que foi deputado federal e presidente da Câmara, acredita que “não seria inútil” fixar um prazo para que o chefe da Casa, responsável por analisar pedidos de impeachment do presidente da República, fizesse essa análise. Ele lembrou que quando comandou a Câmara no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), analisou e arquivou pedidos de afastamento do tucano.

Por Matheus Piovesana /Estado de S.Paulo

 

 

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