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O pai de um dos três meninos desaparecidos desde dezembro do ano passado em Belford Roxo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foi preso após se associar a uma facção criminosa rival para se vingar de supostos assassinos do filho.
De acordo com a Polícia Civil fluminense, Anderson de Jesus, 25, foi detido em flagrante por policiais militares e autuado por associação ao tráfico de drogas e porte ilegal de arma de uso restrito. Com ele, foi apreendido um fuzil AR-15 calibre 556 com 24 munições.
Ele contou aos investigadores que já havia sido preso anteriormente por fazer parte de uma organização criminosa e que recentemente se associou ao grupo rival por causa da notícia da morte de Lucas Matheus da Silva, com 9 anos na época do desaparecimento.
Segundo a Polícia Militar, ele foi pego enquanto participava de uma troca de tiros junto com outras seis pessoas na comunidade da Palmeira. O Terceiro Comando Puro (TCP) tentava retomar o controle da favela do Comando Vermelho (CV).
“Tinha esperança de encontrar o Lucas vivo. Mas soube por reportagens que ele foi morto por traficantes do CV. Moro em Irajá. Soube dessa reunião do TCP e resolvi me juntar, na emoção. Mas não sou bandido”, disse Jesus ao jornal O Dia na delegacia. “Meu coração estava sangrando. Quis me vingar. Quem faz isso com uma criança?”
Lucas Matheus, seu primo Alexandre da Silva, 11, e o amigo deles Fernando Henrique Soares, 12, saíram de casa em 27 de dezembro do ano passado para brincar em um campo de futebol próximo, no morro do Castelar, e nunca mais voltaram.
Ele foram filmados pela última vez às 13h39 daquele dia, andando normalmente em direção à feira de Areia Branca, bairro vizinho a aproximadamente 2,7 quilômetros.
Dez meses depois, o inquérito ainda não foi concluído. Em setembro, o secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, afirmou em entrevistas que o tráfico de drogas da favela foi o responsável pelo assassinato dos meninos e que o motivo foi o roubo de passarinhos que pertenciam a traficantes.
Após o crime, de acordo com ele, o líder local foi chamado ao Complexo da Penha, onde foi assassinado como queima de arquivo com autorização da cúpula do Comando Vermelho, de dentro de um presídio. A punição teria sido liberada sem que as lideranças soubessem que os autores do furto eram crianças.
Folha de S.Paulo