CASOS DE COVID-19 SOBEM E OBRIGAM PORTUGAL A TOMAR MEDIDAS PARA UM NATAL SEM RECEIOS

Foto: Olga Tarasyuk/iStock

Portugal conseguirá evitar os problemas do Natal passado? As comemorações na data são apontadas como a origem de uma subida de casos que levou a pandemia de Covid-19 a sair do controle no início deste ano.

Após uma semana com registros acima de mil casos diários, o primeiro-ministro António Costa, do Partido Socialista (PS), reconheceu que será preciso tomar medidas imediatamente, o que deverá feito após ouvir especialistas na próxima sexta-feira.

— Temos de procurar agir já para chegar ao Natal com menos receios. Atuar já não é precipitadamente e sim em função da informação científica que vai ser partilhada com o país na sexta-feira — disse o premier em um evento na terça-feira, citado pela “TVI”.

O premier repetiu um discurso muito parecido com o de 2020, de salvar o Natal. Mas a preocupação dos especialistas tem sido com o que pode acontecer depois de uma celebração com a tendência de acelerar o contágio.

De volta ao primeiro Natal após a explosão da pandemia: alguns países europeus limitaram atividades públicas, deslocamentos entre cidades e os participantes da ceia natalina por residência para frear a subida dos casos. Aumento que se repete agora.

Portugal seguiu em direção oposta e relaxou à época, liberando viagens e permitindo reuniões familiares à vontade numa mobilidade quase total. O número de casos explodiu e o país voltou à quarentena em 15 de janeiro, apesar de um toque de recolher no réveillon.

Ao fim do primeiro mês de 2021, chegou a ser o país com mais novos casos diários (1.083,6) e mortes (18,2) por milhão de habitantes do mundo. Precisou de ajuda internacional.

Se esta tragédia se repetisse no pior dos cenários, as eleições antecipadas para o Parlamento, em 30 de janeiro, estariam ameaçadas.

O Natal em Portugal é marcado pelo regresso de emigrantes portugueses na Europa. Além dos destinos óbvios, voltam para aldeias e cidades menores, habitadas por população envelhecida. E no momento em que a terceira dose da vacina não evolui como o previsto na faixa acima dos 65 anos.

Também é comum para portugueses e brasileiros residentes receberem a visita de familiares e amigos vindos do Brasil, que aproveitam o período de férias, mas vivem em um país com taxa de vacinação inferior a Portugal.

A permissão para os voos de turismo entre Brasil e Portugal foi renovada no dia 1º de novembro e vale até 30 de novembro, “podendo ser revista em qualquer altura em função da evolução da situação epidemiológica”, diz o despacho do governo.

Após ressaltar que Portugal tem uma taxa de vacinação de 86%, o que diminui a chance de a doença avançar para um nível mais grave nos infectados, Costa, que não está inclinado a grandes restrições de mobilidade sem base científica, começará a decidir o que fazer após a reunião de sexta-feira.

Prestes a ser dissolvido oficialmente, o Parlamento, ou a Comissão Permanente que ficará de “plantão” após a dissolução, teria que aprovar um estado de emergência presidencial, que permitiria a execução de medidas obrigatórias, como o trabalho à distância, por exemplo. Mas peritos em matéria de Constituição fazem alerta: se um estado de emergência for aprovado, as eleições poderão ser adiadas.

A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, não descartou a volta ao trabalho à distância, suspenso em agosto. Mas poderia ser apenas uma recomendação às empresas, condicionada à evolução da pandemia para um estado de maior risco de transmissão. Desta maneira, a economia não sairia tão prejudicada.

Para o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, seria mais evidente o regresso do uso obrigatório de máscaras nas ruas, medida suspensa há dois meses e que também depende do Parlamento. Ele pondera que o número de casos é inferior ao de 2020.

Os especialistas apontam a tendência de o país ter entrado na quinta onda da pandemia, que seria mais branda devido à vacinação. Portugal atingiu o máximo de casos em dois meses no último sábado (1.816). A taxa de incidência em 14 dias é de 156 casos por 100 mil habitantes.

Ontem, 486 pessoas estavam internadas, maior número em 60 dias. O índice de transmissão subiu de 1,15 para 1,16, dentro da zona vermelha na matriz de risco estipulada pelo governo.

Apesar de ser um exemplo de sucesso na imunização, Costa alertou:

— Não podemos dormir à sombra da vacinação.

Portugaç Giro/O Globo

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