Foto: Carlos Humberto/STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes usou sua conta no Twitter para criticar a migração para a política do ex-juiz federal Sérgio Moro e do procurador da República Deltan Dallagnol, artífices da mítica Operação Lava Jato. “A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro – e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele”, escreveu.
Sem citá-los nominalmente, referia-se ao anúncio da saída de Deltan do Ministério Público e a possibilidade de ele perseguir um futuro nas urnas, seguindo os passos de Moro, que vai se filiar ao Podemos. A manifestação de Gilmar ocorreu na sexta-feira, 5, e se soma a outros pronunciamentos nas redes sociais, como o do senador Renan Calheiros e do deputado federal José Guimarães.
Alerto há alguns anos para a politização da persecução penal. A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro – e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta.
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) November 5, 2021
Nesta quarta-feira, 10, o Podemos prepara grande evento em Brasília para anunciar oficialmente a filiação de Moro. Esse é o primeiro passo à possível candidatura do ex-juiz.
Em novembro de 2016, o então juiz Sérgio Moro, no auge da Lava Jato, afirmou em entrevista ao Estadão que ‘jamais entraria para a política’. “Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política”, disse, à época. Foi a primeira entrevista de Moro. Agora, decorridos cinco anos, ele se filia a um partido político, contrariando suas próprias declarações.
Deltan anunciou, na última quinta-feira, 4, seu pedido de exoneração do Ministério Público, como noticiou com exclusividade a colunista do Estadão Eliane Cantanhêde, depois de uma carreira de 18 anos. Em vídeo publicado nas redes sociais, o ex-coordenador da força-tarefa diz que poderá ‘avaliar e refletir’ melhor sobre os planos após sair definitivamente do cargo, sem confirmar suas pretensões políticas.
Estadão