PETROBRAS DEVE DEIXAR PRODUÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2023; PETROLEIROS DISCORDAM DE SAÍDA

Foto: Alex Regis

  Após assinar a venda do Polo Potiguar para a 3R Petroleum por US$ 1,38 bilhão em janeiro, a Petrobras deve encerrar suas operações de produção de petróleo e gás no Rio Grande do Norte até o primeiro trimestre de 2023, quando pretende encerrar a transição dos campos maduros em terra e em águas rasas na costa potiguar para a nova concessionária.

O polo envolve 22 concessões de campos de produção, junto com a infraestrutura de processamento, refino, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural, localizadas na Bacia Potiguar.

Após a compra, a 3R ficará com cerca de 80% da estrutura montada pela Petrobras no estado ao longo de mais de 40 anos. Outros polos foram adquiridos também por outros produtores independentes. O início da transição ainda depende do resultado da análise da venda pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Não vai existir uma descontinuidade de operações. De fato, é uma transferência de operações para a empresa 3R. Então, tão logo o Cade aprovar, a gente inicia trabalhos de transição com a empresa. Não existe uma data firme, mas a expectativa que nós temos é o primeiro trimestre de 2023 para que a Petrobras deixe de ser a responsável direta pelas operações e transfira a responsabilidade para a empresa 3R”, disse Paulo Marinho, gerente geral da unidade de produção da Petrobras no Rio Grande do Norte e no Ceará.

Em 2020, ao anunciar a saída do estado, a Petrobras afirmou que o plano da companhia era focar sua produção águas profundas, como no pré-sal, deixando os campos maduros, com produção menor, para operadoras de menor porte. De acordo com Paulo Marinho, esse processo seria “o melhor para a Petrobras, para essas empresas, e para a sociedade”.

Petroleiros discordam de saída

Por outro lado, a saída da Petrobras e a chegada de novos operadores ainda deixa em alerta entidades como o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro). De acordo com o presidente do sindicato, Ivis Corsino, cerca de 12 a 13 mil empregos diretos foram perdidos entre 2015 e 2022, no estado.

“Hoje a gente observa e faz uma avaliação desse histórico recente e como se comportou a atividade de petróleo. A redução de postos de trabalho, a redução da produção. Os impactos da política hoje existente não só para o Rio Grande do Norte, mas para o preço dos seus derivados. Todos nós experimentamos isso do gás de cozinha ao óleo diesel, do transporte de cargas ao combustível que consumimos no nosso carro. Então são impactos que a gente já observa, né? A gente faz avaliação de que vem da retirada, do desinvestimento da Petrobras. A gente acredita que isso vá se agravar”, pontuou.

Nova empresa pretende dobrar produção

A 3R, que já conta com operações em campos de Macau e Areia Branca, anunciou que vai investir aproximadamente R$ 7,3 bilhões no Rio Grande do Norte até 2032, em reativação de poços, novas perfurações e infraestrutura, e garantiu que vai manter o funcionamento da refinaria Clara Camarão – um dos ativos vendidos pela Petrobras.

 De acordo com o presidente da 3R, Ricardo Savini, a empresa já ampliou a produção em cerca de 60% no campo de Macau, que começou a operar em 2020. A expectativa é ampliar ainda mais a produção a partir da perfuração de novos poços, o que só deve começar a acontecer no segundo semestre.

 G1]/RN

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