Estudantes caminham em uma rua do Porto | Pixabay/Divulgação/Arquivo
Casos de discriminação, xenofobia e racismo nas universidades e escolas de Portugal são antigos e recorrentes. A diferença é que as denúncias começam, ainda que muito lentamente, a dar resultados.
Denunciado por alunos da Universidade do Porto por afirmar, entre outras frases machistas e xenófobas, que as “brasileiras são mercadoria”, o professor Pedro Cosme Vieira, da Faculdade de Economia, teve sua demissão proposta pelo Senado da instituição. A decisão, aprovada pela maioria do órgão, foi publicada em despacho no Diário da República no final de fevereiro.
Antes de aprovar e publicar o pedido de demissão, a Universidade havia suspendido o professor por 90 dias devido aos comentários, que foram denunciados em um documento assinado por 129 alunos em 2021.
O despacho, assinado pelo reitor António Sousa Pereira, foi justificado “tendo em conta os comportamentos descritos e provados que resultam do Relatório Final”.
O professor, que ensinava Introdução à Economia na Faculdade de Letras, teria dez dias úteis para recorrer. Não tinha feito até o início de março. Um novo despacho trará a decisão final.
Também corre na Universidade do Porto uma investigação que poderá acabar em outra punição a um professor da Faculdade de Direito. Ele se negou a entregar uma prova à aluna brasileira que estaria “muito destapada”, ou decotada. O caso teve ampla repercussão graças à denúncia online dos alunos do núcleo HeForShe da Faculdade de Economia.
Na última semana, uma reportagem sobre a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) publicada no Diário de Notícias revelou dados novos sobre o assédio sofrido pelos alunos.
Um relatório será entregue ao Ministério Público, mas entre os alunos há a expectativa sobre qual será a decisão da FDUL, que em 2020 suspendeu Francisco Aguilar após o professor de Direito ser denunciado ao comparar o feminismo ao nazismo.
A abertura de um canal de denúncias pela instituição já pode ser considerado um pequeno avanço diante daquilo que especialistas detectaram como despreparo nas instituições de ensino portuguesas.
O Globo/Por Gian Amato/portugal Giro