ATIRADOR DO TEXAS SOFREU BULLYING POR SER GAGO E COMPROU ARMAS DIAS ANTES DO ATAQUE

Fotos: Reprodução

Dias depois de completar 18 anos, Salvador Ramos celebrou a data postando uma foto com dois fuzis que ele comprou pouco depois do aniversário. A aquisição veio após uma escalada de agressividade que marcou sua adolescência e terminou de forma trágica. Ramos usou as armas para matar 21 pessoas —19 crianças e dois adultos— em uma escola no Texas, na terça-feira (24). Depois, foi morto pela polícia.

De acordo com o Departamento de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo, ele comprou um fuzil no último dia 17, logo após fazer 18 anos. No dia seguinte, adquiriu 375 projéteis de munição, e, em 20 de maio, outro rifle. Inicialmente, agentes tinham dito a TVs locais que ele tinha comprado a arma no domingo (22).​

O atirador, segundo pessoas próximas à imprensa americana, teve uma adolescência marcada por bullying e problemas familiares. Na escola, era alvo de provocações por ser gago, o que o deixava revoltado e sem vontade de estudar.

Perdeu muitas aulas e não conseguiria se formar neste ano. Certa vez, postou uma foto usando um delineador no olho e foi alvo de comentários homofóbicos.

Também na escola, envolveu-se em brigas —há registros de ao menos cinco ocasiões em que trocou socos com colegas. No ensino médio, Ramos passou a se vestir todo de preto, começou a usar botas militares e deixou o cabelo crescer. À noite, costumava sair com um amigo de carro e atirava ovos em outros veículos. Também usou uma arma de ar comprimido aleatoriamente contra pessoas nas ruas.

Ele não escondia a vontade de ter acesso a armamentos mais pesados. Há um ano, publicou imagens de fuzis automáticos, capazes de disparar rajadas de tiros, e disse que eles estavam em sua lista de desejos.

Nas redes sociais, também publicava posts sobre problemas familiares. Em uma das mensagens, apareceu em uma discussão com a mãe, que tentava expulsá-lo de casa. “Ele estava gritando e falando com ela de modo realmente agressivo”, disse uma colega de Ramos ao jornal The Washington Post.

Vizinhos e familiares disseram que a mãe do atirador tinha problemas com drogas. Alguns meses atrás, ele foi morar com a avó, que queria despejar a mãe do garoto —não está claro se essa avó era a mãe dela.

Segundo a polícia, antes de atacar a escola ele também atirou contra a avó. Atingida na testa, ela passaria por uma cirurgia nesta quarta. Rolando Reyes, 72, avô de Ramos, disse à ABC News que não sabia que o neto tinha comprado armas e que ele agiu normalmente nos dias anteriores ao massacre.

Após disparar contra a avó, Ramos saiu dirigindo uma picape, mesmo sem habilitação. Ele bateu o carro no caminho e o deixou perto da escola, com a roda de trás quebrada. Deixou um dos fuzis no veículo e invadiu a instituição com o outro, além de uma pistola e munição. Ele vestia proteções à prova de bala.

Em seguida, ele entrou em uma sala de aula e montou uma barricada, de onde passou a atirar contra alunos, professores e policiais que tentavam contê-lo. A polícia foi chamada por uma testemunha que o viu entrando na escola armado, e os primeiros agentes no local levaram tiros. Na sequência, vieram mais guardas, que retiraram o máximo de alunos possível, inclusive quebrando janelas do centro de ensino.

 

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