O QUE É A VARÍOLA DO MACACO, DOENÇA QUE DEIXA PAÍSES EM ALERTA

Foto: OMS/Centro de Controle de Doenças da Nigéria

Nesta quarta-feira (18), Portugal informou que cinco casos de pessoas com o vírus da varíola dos macacos (monkeypox, em inglês) foram identificados no país, e mais de 20 estavam em análise. Os diagnósticos se juntam a sete detectados no Reino Unido desde o dia 7 de maio, elevando o total na Europa para 12. A Espanha também afirmou monitorar oito pacientes com suspeita.

Os casos de contaminação da doença, que é rara no continente, normalmente são identificados em pessoas que viajaram a países da África Ocidental, onde o vírus é endêmico. Porém, diagnósticos em pacientes que contraíram o patógeno no continente europeu e casos que não aparentam ter conexão entre eles elevam o receio de que esteja ocorrendo uma transmissão comunitária na região – quando o contágio é entre pessoas no mesmo território, sem histórico de viagem ou origem definida.

Além disso, foi informado pela agência de saúde britânica que os quatro contaminados detectados nesta semana no Reino Unido se identificam como gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens. A nova informação levou a UKHSA a pedir que esses grupos estejam mais alertas para quaisquer erupções ou lesões incomuns na pele e, se for o caso, procurem imediatamente atendimento médico.

Em Portugal, os cinco confirmados, assim como os demais suspeitos, também são todos entre homens, e na maioria jovens, afirmou a DGS portuguesa em comunicado. Em conferência de imprensa nesta quarta-feira, a infeciologista Margarida Tavares, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) da DGS, acrescentou que os casos foram detectados em clínicas de detecção de ISTs com lesões na genitália e que , entre os pacientes, estão homens “que fizeram sexo com outros homens”.

Além disso, um porta-voz do departamento regional de saúde de Madrid disse ao jornal The Guardian que os oito casos suspeitos na Espanha também são em homens que têm relações sexuais com outros homens, e que estão bem.

As informações despertam o temor de que a varíola dos macacos estaria sendo transmitida pelo sexo. Na coletiva, Margarida destacou que não há comprovação de que a doença estaria sendo passada pela relação, e reforça que o “contato próximo, íntimo e prolongado” já é uma das maneiras conhecidas de se transmitir o vírus.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a pessoa pode se contaminar com a varíola dos macacos por “contato direto com fluidos corporais” e por vias respiratórias. O contato íntimo é, portanto, uma maneira para a transmissão, mas o fato de a doença se espalhar durante o sexo não significa que essa seja a principal via de transmissão do vírus, não podendo ser considerada uma IST.

O que é a varíola dos macacos?

A varíola do macaco é uma infecção viral rara semelhante à varíola humana (erradicada em 1980), embora mais leve, registrada pela primeira vez na República Democrática do Congo na década de 1970. O número de casos na África Ocidental – região onde o vírus é endêmico – aumentou na última década. Já foram relatados pequenos surtos associados a viagens em outras partes do mundo, como Estados Unidos e na própria Europa, mas todos foram controlados.

De acordo com a OMS, o vírus é comum em animais e pode ser transmitido para humanos, embora isso aconteça de forma esporádica e principalmente em florestas da África Central e Ocidental. A transmissão entre humanos é ainda mais difícil, mas pode ocorrer pelo contato com lesões, fluidos corporais, compartilhamento de materiais contaminados e vias respiratórias.

Quais são os sintomas da doença?

O período de incubação da varíola dos macacos – tempo entre infecção e aparecimento de sintomas – é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias, segundo a OMS. Os sinais são febre, dor de cabeça, dores musculares e erupções na pele (lesões) que começam no rosto e se espalham para o resto do corpo, principalmente as mãos e os pés. Geralmente, a doença é leve, e os sintomas desaparecem sozinhos dentro de duas a três semanas. No entanto, casos graves já foram relatados.

Existe maneira de prevenir?

Uma vacina já aprovada para a prevenção da varíola dos macacos, e a vacina contra a varíola tradicional também fornece algum grau de proteção. No entanto, esses imunizantes não são amplamente disponíveis às populações.

Outras alternativas estão ligadas a evitar o contágio por meio do contato com alguém contaminado. Para isso, a OMS destaca a importância da higienização das mãos e do isolamento de pessoas que foram infectadas pelo vírus. A organização reforça, no entanto, que não há ainda evidências para uma ampla transmissão comunitária, e que o risco de ser infectado nos países europeus é baixo.

O Globo

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