Foto: Reprodução site da vinícola Renacer
Nos primeiros oito meses de 2022, foram realizados 47 casamentos de brasileiros em vinícolas da província argentina de Mendoza, famosa por seus vinhos, gastronomia de alto nível e a beleza natural da impactante Cordilheira dos Andes.
Até o fim de 2022, já foram confirmadas outras 25 festas, a grande maioria na região do Vale de Uco, contratadas por casais que chegam do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e, ultimamente, até mesmo de Brasília e Goiânia. O casamento “mendocino” é uma das novidades da invasão — sem exagero — de turistas brasileiros na Argentina no pós-pandemia.
Se em outras épocas os argentinos ficaram famosos no Brasil pela frase “dame dos” (me dê dois), quando o câmbio era mais favorável a eles, hoje os brasileiros estão se esbaldando em Buenos Aires, na região da Patagônia (Bariloche, San Martin de los Andes, El Calafate e Ushuaia), Mendoza e até mesmo no Norte do país.
‘Mucha plata’
Segundo dados do Ministério do Turismo argentino, entre janeiro e agosto os brasileiros gastaram US$ 367 milhões, em um país que tem reservas internacionais praticamente zeradas.
Somente na primeira quinzena de agosto, os turistas brasileiros, que ocupam o primeiro lugar do ranking de visitantes internacionais (22,5% do total), injetaram US$ 89 milhões na economia argentina, chegando praticamente a níveis prévios à pandemia.
Pelo andar da carruagem, em breve os números superarão os de 2019, ano em que os brasileiros desembolsaram, em média, US$ 550. Atualmente, o montante subiu para US$ 800.
— Hoje os brasileiros ficam mais tempo e gastam mais. O câmbio, sem dúvida, explica muito desse movimento. A Argentina tem gastronomia e serviços de primeira qualidade, a preços econômicos — comenta o ministro do Turismo, Matias Lammens, em entrevista ao Globo.
Ano novo portenho
Para dezembro, os hotéis cinco estrelas de Buenos Aires praticamente não têm mais lugar, e a demanda do turismo brasileiro explica, em grande medida, o alto nível de ocupação.
— Para nós, o mercado brasileiro é hoje o mais importante. Estamos vendo como é ter mais voos e estar mais perto de cidades de vários estados brasileiros. O turista brasileiro é nosso principal convidado na Argentina — afirma o ministro, entusiasmado com a invasão dos vizinhos.
Somente em julho, 100 mil brasileiros entraram no país, por via aérea ou terrestre. Na primeira quinzena de agosto, foram 40 mil. Os que chegam de avião gastam mais (US$ 1.153). Os que viajam de carro ou ônibus desembolsam, em média, US$ 543.
Lugar à mesa
Nos restaurantes mais badalados da capital argentina, como o Don Julio, número um em rankings latino-americanos e na lista dos 50 melhores do mundo, a presença dos brasileiros é expressiva. Basta passar qualquer noite da semana pela calçada — onde sempre tem fila de espera — para ouvir dezenas de pessoas falando português. O dono, Pablo Rivero, uma celebridade em seu país, adora receber brasileiros.
O Globo
