Advogada de Flordelis e filiada ao PSOL: quem é a ex-deputada que levou ‘dama do tráfico’ ao ministério do Dino

Janira Rocha ao lado de Luciane Barbosa Farias — Foto: Reprodução

Luciane Barbosa Farias, mais conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, esteve no Ministério da Justiça em duas ocasiões por convite da ex-deputada estadual Janira Rocha (PSOL). Luciane é esposa de Clemilson dos Santos Farias, líder do Comando Vermelho mais conhecido como Tio Patinhas. O caso foi inicialmente divulgado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e obteve grande repercussão entre parlamentares da oposição.

Entre 2011 e 2015, Janira Rocha cumpriu mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) pelo PSOL, partido que participou da fundação e está filiada até atualmente. Aliada de Cabo Daciolo, foi a única a votar contra a expulsão do então deputado federal em 2015.

Os dois iniciaram uma amizade ainda em 2012, quando Daciolo liderava greves de bombeiros no estado do Rio. Por essas organizações, o político chegou a ser preso e escutas autorizadas pela Justiça revelaram que os dois conversavam sobre as greves, o que ameaçou o mandato de Janira. À época, a então parlamentar afirmou defender os direitos dos profissionais da categoria e reiterou que iria apoiar manifestações populares neste sentido.

No segundo ano de seu mandato na Alerj, a deputada chegou a ser denunciada pela prática de “rachadinha” em seu gabinete e teve um processo de cassação aberto, que terminou arquivado. Em 2021, ela chegou a ser condenada pelo crime, mas a sentença foi posteriormente anulada.

Fora da política, a psolista seguiu exercendo sua profissão de formação e advogou em casos de relevância nacional, como o da ex-deputada Flordelis, condenada a 50 anos de prisão pela morte do marido Anderson do Carmo, que foi assassinado em 2019 em Niterói, na região metropolitano do Rio.

Também na Assembleia Legislativa, em 2014, se envolveu em outra polêmica por ter dado uma carona, em carro oficial, a três acusados de atos violentos que tiveram asilo negado pelo Consulado do Uruguai e quase foi indiciada por crime de favorecimento. Em entrevista ao g1, na ocasião, ela afirmou que avisou o cônsul sobre o paradeiro dos três:

— Dei carona para eles. Eu sou deputada, não tenho que prender ninguém. Quem tinha que prender é quem tinha que estar lá — afirmou.

Natural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Janira tem 61 anos, é historiadora e advogada por formação. Nas redes sociais, se diz feminista, apoiadora do presidente Lula e Ativista de Direitos Fundamentais e Humano.

‘Dama do tráfico’

Nesta segunda-feira, uma matéria do jornal “O Estado de S.Paulo” revelou que Luciane Barbosa Farias, mais conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, esteve no Ministério da Justiça em duas agendas com secretários de Dino. Luciane é mulher de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, líder da facção Comando Vermelho no Amazonas, que cumpre 31 anos no presídio de Tefé, no estado. Ela também foi sentenciada a dez anos, mas responde em liberdade.

Com a divulgação, o nome da facção criminosa e o termo “Ministério da Justiça” chegaram aos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter), e recebeu o repúdio de políticos como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sergio Moro (União Brasil-PR).

Em resposta, o ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) afirmou que nunca recebeu líderes de facção em seu gabinete. “Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que NÃO SE REALIZOU em meu gabinete. Sobre a audiência, em outro local, sem o meu conhecimento ou presença, vejam a história verdadeira no Twitter do Elias Vaz (secretário do ministério). Lendo lá, verificarão que não é o que estão dizendo por conta de vil politicagem”, afirmou.

Secretário de Assuntos Legislativos no ministério, Elias Vaz informou que no dia 14 de março recebeu uma solicitação de audiência por parte da ex-deputada estadual Janira Rocha. Dois dias depois, em 16 de março, Janira teria ido à pasta e levado Luciane como sua acompanhante. “Ela se limitou a falar sobre supostas irregularidades no sistema penitenciário. Repudio qualquer envolvimento abjeto e politiqueiro do meu nome com atividades criminosas”, afirmou.

O Globo

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